A aferição da temperatura core e a mensuração da emissão de metano entérico em bovinos leiteiros de forma automatizada e contínua, com baixo custo e em larga escala, ainda é um desafio a ser solucionado. Podem gerar variáveis de importância ambiental (pegada de carbono e de adaptação dos animais aos extremos climáticos), fisiológicas, metabólicas e de bem-estar animal. A crescente disponibilidade de sensores e tecnologias é uma oportunidade para a fenotipagem de alto desempenho para essas características. A tese foi estruturada em dois experimentos: i) Foi avaliado o melhor local de implante de microchip com sensor de temperatura com base na acurácia e precisão de modelos, considerando ou não variáveis climáticas para predizer a temperatura core em bezerros leiteiros lactentes. Foram utilizados 19 bezerros Holandês x Gir (32.2 ± 5.2kg de peso vivo ao nascimento) e o implante dos microchips foi realizado no quarto dia de vida na base da orelha, prega caudal e umbilical (implantes subcutâneos), tábua do pescoço (músculo cleido-ociptal) e parte interna da coxa (músculo gracilis), implantes intramusculares. A temperatura retal (TR) aferida com termômetro clínico digital foi utilizada como método referência de temperatura core. A temperatura do ar (TA), umidade relativa (UR) e o índice de temperatura e umidade (ITU) foram avaliados no mesmo momento da aferição da temperatura retal e da obtenção dos dados gerados pelo microchip, do dia do implante até os 60 dias de idade dos animais. A amplitude de variação da temperatura do ar foi de 7.6 a 34.4ºC, a de umidade relativa do ar foi de 17,5 a 99,0% e o ITU de 50.6 a 91.52. As médias de TR e as obtidas pelos sensores no pescoço, cauda, coxa e umbigo foram 38,7; 36,9; 38,0; 37,0 e 37,8ºC respectivamente. As temperaturas obtidas no pescoço e na coxa (intramusculares) foram as mais próximas da temperatura retal; já as correlações com a TR retal foram 0,56, 0,60, 0,60, 0,53 e 0,48 respectivamente. A tábua do pescoço e prega caudal foram os locais de implante do microchip que apresentaram melhor correlação. A predição da TR apresentou precisão moderada (rc = 0,49 a 0,60) e elevada acurácia (cb = 0,79 a 0,88), sem a utilização dos dados climáticos e ITU como variáveis preditivas. A inclusão dos dados climáticos e de ITU como variáveis preditivas aumentou a precisão em 21,3%, a acurácia em 10,2% e reduziu o erro médio absoluto em 23%. Os coeficientes de correlação e concordância e erro médio absoluto de predição para a base da cauda e pescoço foram 0,68 e 0,67 e 0,29 e 0,28ºC respectivamente. Os locais mais apropriados de implante dos microchips para o monitoramento da temperatura core de bezerros lactentes foram a tábua do pescoço e a prega caudal. Recomenda-se a utilização da temperatura do ar, da umidade relativa ou do ITU como variável preditiva nos modelos de predição de temperatura core em bezerros lactentes. ii) No segundo estudo, o objetivo foi: i) comparar as mensurações pela câmara respirométrica (CR) 20h., de avaliação com a máscara facial (MF) quatro horas após a alimentação; ii) avaliar o potencial de utilização das subamostragens na CR (240, 260, 640, 660 e 680min. após a alimentação) para encontrar o horário mais apropriado para avaliação com a MF. Dados de emissão de CH4 de 109 vacas leiteiras (551.3 ±150 kg) foram obtidos por câmara respirométrica (método referência) e máscara facial (método alternativo). Para comparar as duas técnicas, foram usados dados de CMS (consumo de matéria seca), produção diária de CH4, rendimento e intensidade de CH4. Os valores de emissão de CH4 obtidos por coleta spot foram extrapolados para 24 horas e em seguida comparados com a produção total diária obtida na câmara. As médias obtidas entre as duas técnicas para produção de CH4, rendimento e intensidade de CH4 foram semelhantes (P>0,05). Foram observadas diferenças para o CMS. Os modelos de predição apresentaram coeficiente de determinação (R2) e o coeficiente de correlação e concordância (CCC) de 0.20 e 0.45 respectivamente. Como a eficiência preditiva entre as técnicas da CR e a MF foi baixa, foi realizado estudo com as subamostragens na CR para encontrar um horário mais adequado para avaliação na MF. Correlações foram altas e positivas (ρ> 0.82) entre os valores obtidos por extrapolação das subamostragens e a avaliação tradicional por CR. As subamostragens aos 240, 260, 640, 660 e 680min. após a alimentação apresentaram potencial para serem testadas. Não foram observadas diferenças entre a produção de CH4, rendimento e intensidade de CH4 entre a CR e os pontos da subamostragem da CR (P>0,05). Os valores de R2 variaram de 0.35 a 0.67. O CCC para as subamostragens da CR foram de 0.58, 0.59, 0.79, 0.80. A predição usando MF quatro horas após a alimentação apresentou baixa acurácia e precisão. Os horários mais promissores para avaliações de curta duração com máscara facial são 340 a 680 min. após a alimentação matinal. Novos estudos devem ser realizados adotando esses tempos de subamostragem para que seja avaliada a capacidade da técnica para fenotipagem de alto desempenho.