O objetivo com a condução desta pesquisa foi avaliar o bem-estar de suínos em fase de
crescimento e terminação e estimar a emissão de gases de efeito estufa e amônia em sistema de
cama sobreposta. Para tanto, foram conduzidos dois experimentos. O primeiro teve como
objetivo avaliar o bem-estar de suínos em fase de crescimento e terminação mantidos em
sistema de cama sobreposta sob a ótica dos princípios do protocolo Welfare Quality®
. Ao todo,
16500 animais, distribuídos em 15 instalações, foram avaliados durante um período de quatro
meses. Foram realizadas três avaliações em cada instalação, respeitando a seguinte distribuição
de tempo: fase inicial (75 a 85 dias de vida); intermediária (86 a 161 dias de vida) e final (de
162 a 180 dias de vida). Os dados de comportamento, bursite, hérnia, feridas e fezes no corpo
foram analisados por regressão logística para dados longitudinais. Para os dados de contagem,
tosse e espirro, foi empregada a distribuição de Poisson, com posterior análise de qui-quadrado
e os dados do QBA por meio de análise de componentes principais. Não houve a ocorrência de
casos interação humano-animal negativa, de condição corporal ruim, tremores, ofegação,
amontoamentos, caudofagia, tremores, focinho torcido e prolapso retal, claudicação, condição
da pele. Houve efeito da avaliação e da categoria animal na incidência de bursite, hérnia e
repertório comportamental. Foram observadas mais chances da ocorrência de hérnias e bursites
nas avaliações finais, com mais prevalência nos machos em relação às fêmeas. As prevalências
dos parâmetros feridas e dejetos no corpo foram influenciadas pela interação da avaliação e
categoria animal. A incidência de tosse e do número de animais que apresentaram esse sintoma
aumentou gradualmente, sendo consideravelmente maiores na fase final de avaliação. Houve
influência da avaliação e da categoria animal na incidência dos comportamentos elencados no
etograma. Na avaliação 1, machos apresentaram mais chances de apresentar todos
comportamentos avaliados no etograma, pertinente aos comportamentos negativos, em relação
às fêmeas e aos lotes mistos. Nas demais avaliações as fêmeas apresentaram mais chances de
exibir os comportamentos de caráter negativos. Os lotes mistos permaneceram intermediários
em todas as avaliações. A porcentagem de interação com a cama variou entre 19.62% e 25.80%
durante todo o período experimental. A aplicação do protocolo Welfare Quality® proporcionou
uma visão ampla e confiável sobre o bem-estar dos animais, permitindo o gerenciamento mais
adequado de sistemas de produção em cama sobreposta. O segundo experimento teve como
objetivo avaliar a concentração e emissão de gases de efeito estufa (GEE) e amônia em
instalações de suínos mantidos em sistema de cama sobreposta com diferentes níveis de
utilização. Ao todo, foram coletadas amostras gasosas de oito instalações de suínos com
diferentes níveis de utilização da cama. Foram considerados quatro edifícios com cama em
terceiro nível de utilização, dois galpões com cama de segunda utilização e outros dois com
cama de primeiro uso. As amostras de ar foram feitas através de duas coletas semanais,
realizadas no período matutino e vespertino para cada edifício de alojamento avaliado. As
emissões foram calculadas com base na metodologia simplificada do princípio de cálculo das
emissões de gases por meio das relações de concentração. Os dados de emissão de GEEs e
amônia foram submetidos à análise de variância e as médias, de acordo com o diferente nível
de utilização da cama, foram comparadas pelo teste de Tukey pelo software estatística R.
Maiores emissões de dióxido de carbono ( 8.78 vs 8.72 vs 8.63 g/suíno/dia) e metano (0.07 vs
0.03 vs 0.01 g/suíno/dia) foram observados em camas de primeira utilização e menores em
terceira. Não houve diferença nas emissões de amônia (0.01 vs 0.06 vs 0.06 g/suíno/dia) e
óxido nitroso (0.01 vs 0.02 vs 0.02 g/suíno/dia). Em condições de clima tropical, as emissões
de gases de efeito estufa e amônia foram consideravelmente baixas.