A adolescência e a gestação representam fases influenciadas por mudanças hormonais que podem predispor à infecção pelo vírus do papiloma humano (HPV) na região genital. Tem-se sugerido a ocorrência da associação da infecção entre a região genital e bucal em adolescentes e em grávidas. Entretanto, ainda não se sabe se as duas condições associadas incrementam essa predisposição e associação. Tem sido relatado que o HPV pode infectar o periodonto e potencializar a ação de bactérias periodontopatogênicas causando destruição dos tecidos de suporte dos dentes. O presente estudo foi realizado na Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro e teve como objetivo identificar a possível correlação da infecção pelo HPV em boca e em cólo do útero de 30 gestantes adolescentes (10-19 anos/OMS). Na região genital, o exame envolveu a busca visual de lesões HPV-induzidas (genitália externa, períneo e anus) e no cólo do útero foi realizada a aplicação de ácido acético 2%. Nas áreas acetobrancas pigmentadas pelo ácido foram realizados esfregaços e, quando não houvesse pigmentação, o esfregaço foi realizado na entrada do canal endocervical. Para pesquisa do vírus na boca, foi realizado um exame que envolveu a busca visual de lesões HPV-induzidas na mucosa oral e aferições dos índices de placa visível, sangramento gengival, profundidade de bolsa, nível clínico de inserção e sangramento à sondagem. Foram realizados esfregaços em língua/palato e coleta de biofilme bacteriano dental supragengival (pool) e subgengival (4 sítios). Nas amostras de esfregaço, foram realizados a análise citopatológica e o teste de microarranjo (Papillocheck®). Nas amostras de biofilme, foram realizados os testes moleculares de PCR (MY09/11) e de microarranjo. Os resultados foram apresentados de forma descritiva e associações entre as variáveis categóricas foram realizadas utilizando-se o teste exato de Fisher. A média da idade do grupo foi de 15,2 anos (±1,3) e a média de tempo gestacional foi de 28,8 semanas (±7,3). No colo do útero, alterações celulares HPV-induzidas, identificadas pela citologia, foram visualizadas em 03 (10%) esfregaços. O teste do microarranjo identificou o vírus no colo do útero de 17 adolescentes (56,7%), sendo o mais prevalente o HPV16 (n=4/23,5%), de alto potencial oncogênico. Na boca, a citologia não observou alterações celulares HPV-induzidas em nenhum esfregaço e o microarranjo não detectou o vírus em nenhuma amostra. Vinte e duas (73,3%) adolescentes apresentavam gengivite no momento do exame periodontal, enquanto que 08 (26,6%) exibiram periodontite. O PCR não identificou presença do HPV em nenhuma amostra de biofilme supragengival e subgengival. O teste do microarranjo identificou a presença do vírus no biofilme subgengival em 01 adolescente grávida, sendo este o HPV6 (baixo potencial oncogênico). Houve associação estatisticamente significativa entre as adolescentes que apresentavam gengivite e presença do HPV no colo do útero (p=0,05). Pudemos concluir que não houve associação da presença do HPV na boca e no cólo do útero na população estudada.