O novo coronavírus nomeado SARS-CoV-2, é o causador da COVID-19, considerado um distúrbio responsável pela síndrome respiratória aguda grave. Seu surgimento aconteceu em dezembro de 2019, em um mercado de frutos do mar na cidade chinesa Wuhan e em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) caracterizou a COVID-19 como pandemia. A doença pode ser transmitida por contato interpessoal através de gotículas contendo o vírus expelido pelo indivíduo infectado por meio de espirro, tosse ou fala. Tais secreções podem contaminar outros indivíduos e crianças com até dois metros de distância e são a principal via de disseminação da doença. É válido ressaltar a conjuntura da pandemia nas faixas de fronteiras, uma vez que as fronteiras brasileiras abrangem uma extensão de mais de 23 mil km com dez países vizinhos, onde, principalmente por via terrestre, ocorrem continuamente fluxos de pessoas, animais e mercadorias, a maioria passando por postos fronteiriços que, apesar da fiscalização, são uma contínua fonte de possíveis disseminações de agentes patogênicos, como neste caso, um vírus. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi investigar a prevalência e realizar a epidemiologia utilizando dados sociodemográficos de pacientes (adultos e crianças) com sintomatologia sugestiva de COVID-19 (Sars-CoV-2) em três municípios de região fronteiriça. Para isso, foi realizado um levantamento epidemiológico de casos positivos de COVID-19 por meio de RT-PCR em pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde, com sintomatologia sugestiva de COVID-19 (Sars-CoV-2) de Assis Chateaubriand, Tupãssi e Formosa do Oeste, municípios do Estado do Paraná. Utilizou-se cálculos de taxas de prevalência do número total de pacientes diagnosticados como positivo para COVID-19, taxas de prevalência relacionadas ao sexo, idade, área de moradia e meses de confirmação diagnóstica. Foi possível observar que dos 1.874 pacientes com sintomatologia respiratória e gripal, atendidos na rede de saúde pública dos três municípios, 354 (18,89%) foram diagnosticados como positivos. A predominância dos casos foi em pacientes do sexo feminino (51,97%) e em pacientes que residiam nas áreas urbanas (93,50%). A faixa etária predominante foi dos 20-29 anos (19,78%), seguida de 30-39 anos (19,20%). Dentre o período estudado, foi possível observar um maior número de casos registrados nos meses de Junho (28,40%), Julho (32,02%) e Agosto (34,46%). Em relação às crianças, foi possível observar que dos 1874 pacientes atendidos, 147 (7,84%) eram indivíduos da faixa etária infantil (0-15 anos). Desses, 20 (13,60%) foram diagnosticados como positivos. A predominância dos casos foi em crianças do sexo masculino (60%) e em crianças que residiam nas áreas urbanas (80%). Dentre o período estudado, foi possível observar que não houve registro de casos em crianças nos meses de março, abril e maio e houve um aumento de casos registrados nos meses de Junho (55%), Julho (10%) e Agosto (35%). O resultado deste trabalho demonstrou o perfil sociodemográfico dos pacientes com sintomas respiratórios e gripais positivos para COVID-19 (Sars-CoV-2) em três municípios brasileiros que fazem fronteira com o Paraguai e Argentina e evidenciou que a faixa etária (p≤0,0001) tem suas especificidades quanto à suscetibilidade da infecção viral. O contrabando também merece destaque, pois mesmo quando as fronteiras ainda estavam fechadas, ele aconteceu, o que pode ter favorecido a disseminação do vírus entre as fronteiras. Também foi possível observar que embora as crianças sejam menos suscetíveis que os adultos às infecções pelo novo coronavírus, existe a necessidade da realização de mais estudos epidemiológicos, para um melhor delineamento de dados. Ainda estes resultados demostram a importância da parceria de pesquisa da academia junto as secretarias de saúde de Assis Chateaubriand, Tupãssi e Formosa do Oeste para despertar em outras esferas do poder público e/ou empresarial a importância desta demanda que é o de unir esforços para a realização de projetos que contribuam efetivamente para a melhoria da saúde única e desenvolvimento municipal, regional ou ainda estadual.