Nesta dissertação, analiso os modos de educar jovens, através da campanha cristã Eu Escolhi
Esperar (EEE), a fim de discutir e problematizar como ela opera enquanto espaço educativo e
entender como as juventudes vêm sendo nomeadas e produzidas, principalmente em relação as
formas de viver a sexualidade e o gênero; sob o viés da religião. Sob o enfoque teóricoconceitual dos Estudos Culturais em Educação, Estudos Feministas e de Gênero, em
aproximação com a perspectiva pós-estruturalista, o canal no YouTube da campanha “Eu
Escolhi Esperar”, é examinado através dos seguintes conceitos: cultura, linguagem,
representação, gênero e sexualidade. Como metodologia de pesquisa realizei o exame dos
vídeos, imagens e comentários a partir das seguintes perguntas de pesquisa: Como a pedagogia
midiática da campanha EEE, por meio do casal youtuber, tem contribuído para (re)produzir
representações de gênero e sexualidade entre jovens evangélicos/as? De que forma o casal
youtuber tem ensinado os/as jovens acerca das relações afetivas e sexuais, ou, das formas de
experienciar sentimentos e vínculos sociais? Desse exame, construí duas categorias de análises:
a primeira, “EEE e a produção de pedagogias sobre os/as sujeitos jovens”, indica que o canal
EEE do YouTube constitui-se como instância pedagógica sofisticada e sutil, especialmente para
os/as jovens cristãos evangélicos adeptos ao movimento, na produção de sentidos e significados
sobre o mundo e os modos de viver as relações afetivas, o gênero, a sexualidade e a própria
religiosidade; a segunda, “Como tornam-se jovens cristãos/ãs na campanha EEE”, constitui-se
nas análises, especialmente a partir dos conceitos de gênero e sexualidade, sobre as falas do/a
pastor/a em que procuram legitimar, principalmente, acionando pressupostos biológicos e
teológicos, as noções de feminino e masculino e as formas “corretas” e “incorretas” dos/as
jovens cristãos evangélicos viverem seus desejos e prazeres corporais. As discussões e análises
produzidas pelos caminhos desta investigação levam à conclusão da necessidade contínua de
desconstrução das desigualdades e das hierarquias de gênero e sexualidade e de algumas formas
de produção da estrutura social vigente que buscam normatizar as formas de viver e constituir
famílias. Também nos leva a outros olhares sobre os modos pós-modernos de educar nossos/as
jovens acerca das noções de corpo, gênero e sexualidade e a pensar na (re)atualização dos
modos de produção das juventudes contemporâneas.