Dados sobre animais silvestres portadores e disseminadores de patógenos 11 bacterianos são escassos pela dificuldade de se obter amostras, sendo necessários 12 mais levantamentos para determinação da importância das bactérias veiculadas por 13 estes animais em saúde única. Nesta tese, objetivou-se determinar a ocorrência 14 destas bactérias no trato gastrintestinal de aves silvestres de vida livre e animais 15 domésticos da mesma propriedade, animais silvestres em reabilitação e morcegos 16 que habitam construções humanas bem como analisar algumas características dos 17 isolados. No primeiro estudo, foram coletadas amostras das fezes de aves silvestres 18 de vida livre e de até cinco exemplares de cada espécie doméstica em uma 19 propriedade pluriativa. No segundo, foram coletadas amostras de animais recebidos 20 em um centro de reabilitação da fauna silvestre. No terceiro, foram amostrados 21 morcegos de diferentes abrigos em construções humanas no extremo sul do Brasil. 22 Foram realizadas as pesquisas de S. aureus, Y. enterocolitica, Salmonella e 23 Campylobacter (apenas dos animais em reabilitação), por técnicas microbiológicas 24 convencionais seguidas de confirmação por PCR, teste de resistência à cefoxitina dos 25 isolados S. aureus, formação de biofilme (S. aureus isolados dos animais em 26 reabilitação), pesquisa de genes enterotoxigênicos (S. aureus isolados de animais das 27 propriedades) e comparação dos perfis moleculares (isolados S. aureus obtidos das 28 propriedades e dos morcegos e Y. enterocolitica obtidas de morcegos) por rep-PCR. 29 O percentual total de amostras das quais foi obtido algum isolado foi 13,2 % (93/703). 30 S. aureus estava presente em 7,5 % (12/160) dos animais domésticos e em 11,4 % 31 (62/543) dos animais silvestres. S. aureus resistente à meticilina (MRSA) foi isolado 32 de 3,7% (6/160) dos animais domésticos e de 8,8 % (48/543) dos animais silvestres. 33 Já Y. enterocolitica foi isolada de 2,4 % (17/703) dos animais, Salmonella de 0,3 % 34 (2/703) e Campylobacter de 0,3 % (1/324). Dos S. aureus obtidos dos animais das 35 propriedades 35,3% (6/17) possuíam algum gene enterotoxigênico. De 40 isolados 36 obtidos de animais silvestres em reabilitação identificados como S. aureus, 72,5% 37 foram capazes de formar biofilme. Foram encontrados isolados indistinguíveis e 38 intimamente relacionados em animais domésticos e silvestres na mesma propriedade. 39 Cepas indistinguíveis pela rep-PCR também indicaram que há transmissão intra e 40 interespecífica de S. aureus entre os morcegos e entre os abrigos. Os resultados 41 destacam o importante papel dos animais silvestres na perpetuação e transmissão de 42 bactérias patogênicas, especialmente S. aureus, incluindo MRSA. Considerando-se a 43 variedade de espécies, que podem ser portadoras destas bactérias torna-se 44 necessário que medidas higiênico-sanitárias sejam adotadas, a fim de minimizar a 45 possibilidade de transmissão desses microrganismos e de diminuir o risco de infecção.