O primeiro cio manifestado logo após o parto das éguas, conhecido como cio do potro, possui menor fertilidade quando comparada aos cios subsequentes, porém reduz o intervalo entre partos e aumenta a prolificidade por égua. Desta forma, o controle ginecológico monitorado com ultrassonografia, acompanhamento do desenvolvimento folicular e involução uterina por meio de observações clínicas,
mensurações do diâmetro uterino e avaliação do edema e tonicidade uterina, podem auxiliar a compreensão de alterações fisiológicas ocorridas durante o puerpério e manifestação do cio pós-parto. Assim, será possível elucidar fatores comprometedores do desempenho reprodutivo das éguas durante esse período.
Diante disso, objetivou-se avaliar a condição reprodutiva e a taxa de prenhez fertilidade pós-parto de éguas Mangalarga Marchador submetidas à monta natural no cio do potro. A pesquisa foi desenvolvida nas dependências do Instituto de Ciências Agrárias, Universidade Federal de Minas Gerais, na Fazenda
Experimental Hamilton Abreu Navarro, localizada em Montes Claros, MG. Foram utilizadas oito éguas da raça Mangalarga Marchador. Os procedimentos de avaliação iniciaram dois dias após o parto, e os dados foram coletados entre setembro a dezembro de 2019. Foi avaliado a partir de avaliações ultrassonograficas as mensurações dos diâmetros foliculares e uterino via ultrassom, durante 42 dias após o parto. O peso e escore de condição corporal foram mensurados uma semana antes do parto e dois, 30 e 60 dias após o parto. As taxas de concepção e repetição de cio foram calculadas a fim de verificar a
eficiência reprodutiva pós-parto. Os dados foram submetidos a análises de correlação de Pearson, teste chi-quadrado e teste exato de Fisher (P<0,05), regressão linear e quadrática, enquanto as médias com os desvios padrão foram calculados no Excel. A ovulação das éguas avaliadas ocorreu 14,5 ± 2,25 dias
após o parto. A onda folicular teve duração média de 11,75 ± 2,5 dias, com taxa de crescimento folicular diário de 3,6 ± 0,6mm. A taxa de regressão do corpo lúteo encontrada foi de 1,12% com tempo de regressão médio de 17 dias. Foi observado redução do corpo uterino de 20,6 ± 1,4mm durante os 42 dias de avaliação, caracterizando o processo de involução uterina das éguas. Alta taxa de concepção
foi encontrada (75%) e o peso e escore de condição corporal antes e após o parto foram satisfatórios. Portanto, a dinâmica folicular, a involução, a variação do peso e escore de condição corporal foram compatíveis com a manifestação do cio pósparto em éguas Mangalarga Marchador e não interferiram na taxa de concepção.