O armazenamento e transporte de amostras de animais que vieram a óbito ou estão
localizados em fazendas distantes de laboratórios por longos períodos de tempo constitui
uma realidade. A necessidade de um protocolo eficiente de armazenamento e transporte
destas amostras para a manutenção da viabilidade tecidual do animal de interesse existe,
e para tal, as orelhas de oito fêmeas bovinas foram coletadas no momento do óbito,
lavadas, tricotomizadas e armazenadas por 30 dias a 5ᵒC. Nos dias 0, 2, 4, 7, 14, 21 e 30,
o cultivo de explantes de pele foi realizado. Em comparação aos diferentes períodos de
refrigeração, o tempo para o aparecimento das primeiras células ao redor dos explantes,
tempo até confluência, concentração celular no momento do congelamento, taxa de
contaminação e viabilidade celular foram observados. Um aumento no tempo de
aparecimento dos primeiros fibroblastos foi observado com o aumento do tempo de
refrigeração, onde no dia 0, as células levaram 4±0 para aparecer ao redor dos explantes
enquanto no dia 30, elas cresceram apenas com 33.5±1.5 dias. Um aumento também
ocorreu no tempo até confluência celular com períodos de refrigeração mais longos.
Células do dia 0 levaram 24±2 dias para atingir confluência enquanto células do dia 30
atingiram confluência com 31±0 dias. Contaminação foi mais prevalente em períodos
posteriores (14, 21 e 30) e a concentração celular caiu drasticamente com o aumento do
período de resfriamento, caindo de 1.334.375±131.375cel/mL no dia 0 para
311.250±0cell/mL no dia 30. De igual maneira, a viabilidade celular diminuiu de
85,6±1,7% no dia 0 para apenas 28,72±4,81% no dia 30. Quando células refrigeradas a
5°C por 30 dias foram utilizadas como doadoras de núcleo a técnica de transferência
nuclear, uma taxa de blastocisto de 26.05% em D7 foi obtida, uma boa taxa de blastocisto
para um longo períodos de refrigeração. Foi observado que a refrigeração de tecido
viabiliza a cultura celular para transferência nuclear por longos períodos de refrigeração
de amostra. No entanto, o aumento no tempo de armazenamento acarreta danos celulares,
dificultando o cultivo, diminuindo consideravelmente a viabilidade celular pósdescongelamento e a concentração celular, mas mantendo a capacidade celular como
doadora de núcleo para a produção de embriões clones.