A doença de Chagas, causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, pertencente a família Trypanosomatidae, afeta mais de 8 milhões de pessoas no mundo. Este parasito possui ciclo biológico heteroxeno e passa por diferentes formas evolutivas no interior dos seus hospedeiros. A doença de Chagas representa um grande problema de saúde pública no Brasil e na América Latina, sendo descrita como uma das doenças mais negligenciadas do mundo. Mesmo após mais de cem anos de seu descobrimento, esta enfermidade não possui um tratamento seguro e totalmente eficaz. Atualmente, apenas dois medicamentos estão disponíveis para o tratamento, o Benznidazol e o Nifurtimox, contudo, ambos apresentam diversos efeitos colaterais e são tóxicos. Dessa forma, a busca por novos fármacos é necessária, sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar um derivado benzofuroxano sintetizado, avaliando sua citotoxicidade e genotoxicidade in vitro, bem como, avaliar a sua atividade tripanocida in vitro e in vivo frente ao T. cruzi. Para isso, primeiramente foi realizada a síntese do composto, que foi denominado conforme IUPAC como “5-((5-(4-metoxifenil)-1,3,4-oxadiazol-2-il)carbamoil)benzo[c][1,2,5]oxadiazol-N-óxido” e como composto EA2 para este trabalho. O processo de síntese foi realizado no LabSelen Nanobio (UFSM), laboratório que atuou em parceria neste estudo. O composto foi caracterizado por RMN de 1H e de 13C, foi realizada a análise da citotoxicidade pelo método de exclusão por azul de tripam, o ensaio cometa alcalino foi realizado para avaliar a genotoxicidade e para avaliar a mutagenicidade foi realizado o teste de micronúcleo, para estes testes o composto foi diluído em três diferentes concentrações: 10 µM/mL, 50 µM/mL e 100 µM/mL. Nas concentrações testadas, o composto não apresentou atividade mutagênica, contudo, apenas a menor concentração não apresentou efeitos citotóxicos e genotóxicos. Para o teste in vitro frente a formas epimastigostas de T. cruzi, o composto foi diluído em três diferentes concentrações (0,25%, 0,50% e 1%) e avaliado 24, 48 e 72 horas após a incubação. O composto EA2 apresentou atividade tripanocida in vitro nas três concentrações testadas. Após este teste foi realizado o teste in vivo. O composto foi testado em três diferentes doses:, 2,5 mg/kg, 5 mg/kg e 10 mg/kg e os animais foram divididos em dez grupos (5 animais/grupo), sendo quatro grupos de animais não infectados (A, G, H, I) e seis grupos de animais infectados (B, C, D E, F, J). Os grupos B e J eram os controles negativo e positivo, respectivamente. Os grupos G, H e I foram utilizados a fim de comprovar que o composto não era tóxico para animais sadios. O composto EA2 não apresentou eficácia curativa, contudo, foi capaz de retardar o início da parasitemia nos animais tratados, bem como, reduzir significativamente a contagem de parasitos nos grupos D e E, além disso, o composto não induziu a alterações nos parâmetros hematológicos, hepáticos e renais em animais não infectados, demostrando, neste estudo, não ser tóxico, contudo mais testes são necessários a fim de comprovar a segurança do composto EA2 para a saúde, visto que, este foi o primeiro estudo com a molécula sintetizada.