O objetivo desta dissertação é analisar a variabilidade das chuvas no Estado do Paraná, considerando duas dimensões analíticas: a) a influência espaçotemporal da Oscilação Decadal do Pacífico e; b) as repercussões dos impactos dos eventos extremos. As séries históricas utilizadas foram de 1947 a 2011 e de 1976 a 2011, com dados de 63 postos pluviométricos distribuídos por todo o estado. Os dados primários se referem aos valores mensais de chuva e número de dias com chuva agrupados nas escalas trimestrais, sazonais e anuais. Foram utilizadas técnicas estatísticas para cálculo da variabilidade, observação de tendências, rupturas, correlações lineares, e técnicas geoestatísticas para processos de interpolação espacial. Além das oscilações e dos índices climáticos das teleconexões, foram utilizados, também, dados e informações de desastres da Defesa Civil, de Produção Agrícola e de vazão fluvial dos rios Tibagi, Ivaí, Piquri e Iguaçu. Os impactos foram relacionados tanto em relação à influência da ODP, quanto às chuvas e aos eventos extremos de chuva, discutindo-os sob o viés de três dimensões do território, com a abordagem da Geografia do Clima. Os resultados indicaram correlações significativas para chuva no outono, primavera e na escala anual. Para os números de dias com chuva as correlações foram positivas, principalmente na primavera. Na análise espacial, correlações positivas foram detectadas no oeste e noroeste, e negativas no leste e litoral do estado. Nas análises de rupturas e tendências, os dados apresentaram o período de 1990 a 1995 como o principal momento de transição dos valores de pluviométricos e, de 1990 a 2003 para os números de dias com chuva, com recorde para o ano de 1992. As observações indicam que temporalmente existe uma tendência de concentração de chuvas nos últimos 36 anos no Paraná. Com relação aos impactos das chuvas, são os muncípios da porção sul, em especial, os da Mesoregião Sudoeste e Oeste que apresentam os maiores níveis de vulnerabilidade à diminuição da precipitação. Enquanto que os desastres associados ao aumento da precipitação e as chuvas intensas atingem o estado como um todo, com destaque regional somente para Mesoregião Metropolitana de Curitiba. Abordados na perspectiva da Geografia do Clima, os resultados apontaram diferentes níveis de vulnerabilidade à chuva no Paraná, produzidos segundo o ordenamento territorial, o contexto regional e a história do Estado. Os dados corroboram para o melhor entendimento das gêneses das chuvas para o mundo tropical e subtropical em geral, e para o Paraná, em particular, bem como para os estudos sobre os impactos regionais e locais das mudanças climáticas e, a influência das teleconexões de baixa frequência na variabilidade climática, além do entendimento do clima como produto natural e social.