O uso de corantes para o tingimento de fibras têxteis é uma prática comum nas lavanderias
industriais. A presença desses corantes na água, mesmo em baixas concentrações, é visível, altamente indesejável e torna o tratamento do efluente complexo. Devido a implicações
ambientais, novos processos de remoção e/ou degradação destes compostos têm sido testados.
Neste trabalho, investigou-se a viabilidade do uso da serragem de eucalipto como adsorvente
de baixo custo (1ª etapa) e a capacidade de bactérias e fungos isolados de ambientes marinhos
(2ª etapa) para adsorção e degradação do corante têxtil Reactive Black 5 (RB-5) empregado nos
processos de tingimento de fibras têxteis da lavanderia industrial All Washed. Na 1ª etapa do
estudo, as amostras de serragem de eucalipto foram caracterizadas por meio de propriedades
físicas, químicas e morfológicas, como área superficial, porosidade, umidade, teor de cinzas, microscopia eletrônica de varredura, titulação de Boehm, e concentração do corante. A cinética
e isoterma de adsorção, e o efeito do pH e da temperatura no processo de adsorção também
foram avaliados, visando obter as melhores condições operacionais. Na 2ª etapa do estudo,
foram realizadas triagens utilizando nove linhagens de bactérias e quatro de fungos, os quais
foram submetidos a ensaios de descoloração, biodegradação e fitotoxicidade para escolha do
consórcio microbiano com maior potencial de degradação do corante avaliado. Os resultados
mostraram que a adsorção do corante em serragem de eucalipto é influenciada pelo pH e pela
temperatura, uma vez que em meio ácido a retenção foi de 69,6 % em temperatura ambiente, e
89,1 % quando a temperatura foi de 319 K, com constantes de velocidade e energia de 0,147
g.mg-1.min-1 e 12,69 KJ-1
. , respectivamente. Observou-se, ainda, que a capacidade
máxima de adsorção, de acordo com o modelo de Langmuir, foi de 2,5 mg de corante/g de
serragem em um tempo de 6 h. Na 2ª etapa do estudo, das 9 bactérias e 4 fungos testados, apenas
a bactéria Bacillus subtilis CBMAI APPE 707 não foi apta à formação de consórcio porque
inibiu o crescimento das bactérias Dietzia maris CBMAI APPE 705 e Gordonia amicalis
CBMAI 1670 durante os ensaios de triagem. O consórcio microbiano apresentou taxa de 19,87
% de descoloração do RB-5 aos 7 dias de ensaio. A adsorção pelas células mortas por
autoclavação sofreram variação de 17,49 % aos 7 dias a 12,98 % aos 49 dias de ensaio. A
abordagem utilizada para a avaliação da biodegradação do RB-5 por consórcio de bactérias em
microcosmos aeróbios através de HPLC-DAD não apresentou resultados conclusivos sobre a
eficiência de degradação do corante devido à instabilidade do RB-5 no meio de cultivo
utilizado. Não obstante, dado o grande potencial da biodegradação microbiana na remoção de
corantes a partir de efluentes têxteis, pesquisas futuras devem ser direcionadas na otimização
das condições experimentais de cultivo do consórcio microbiano e na utilização de outras
técnicas analíticas, como por exemplo fourier transform infrared spectroscopy (FTIR), a fim
avaliar a degradação do composto.