O tambaqui é o peixe nativo mais produzido no Brasil e concomitante a esta produção tem-se a geração de resíduos do seu processamento, normalmente descartados de maneira errônea. Em função disso, diversas pesquisas visam o aproveitamento desse material, dentre os quais se potencializa a elaboração de hidrolisado enzimático de pescado (HEP), o qual é constituído por aminoácidos livres e peptídeos bioativos e pode ser utilizado para diversos fins. Como exemplo, pode-se utilizar o HEP como atrativo e palatabilizante alimentar que são aditivos inseridos nas dietas animais para melhorar o consumo, no qual o animal se alimenta adequadamente, evitando perdas com ração e consequentemente diminuindo custos. Assim, este estudo objetivou elaborar e caracterizar o hidrolisado enzimático de resíduos de pescado e avaliá-lo como atrativo e palatabilizante alimentar para juvenis de tambaqui (Colossoma macropomum). O estudo foi realizado em duas etapas. Etapa 1: a elaboração do hidrolisado efetuada partir da carcaça de tambaqui utilizando a enzima pancreatina. A carcaça foi caracterizada quanto ao rendimento e bromatologia. O HEP foi analisado quanto ao grau de hidrólise em função do tempo e pH para verificar as melhores condições de atuação da pancreatina no substrato. Após a determinação do melhor protocolo de produção do HEP, esse foi novamente produzido para se obter quantidades suficientes para realização das seguintes análises: bromatológicas, contagens microbiológicas e composição de aminoácidos. Etapa 2: verificação da atratividade e da palatabilidade do hidrolisado para juvenis de tambaqui utilizando duas dietas. Na primeira, foi utilizada uma ração comercial, sendo a Dieta Sem Hidrolisado (DSC), o HEP; a segunda, o HEP foi aspergido sobre uma ração comercial e foi denominada Dieta Com Hidrolisado (DCH). Juvenis de tambaqui (peso médio de 13,39g ± 0,48g e comprimento médio de 75,04mm ±10,43mm) foram colocados individualmente em aquários, alimentados com uma das dietas de manhã e à noite durante 4 dias, e cada alimentação foi monitorada por câmeras. As filmagens obtidas foram analisadas e quantificadas por unidades comportamentais. A carcaça representa 10,53% da massa do tambaqui e após o descarne desse resíduo, observou-se que 44,85% deste é considerado carne. Os melhores resultados de grau de hidrólise da pancreatina na carcaça de tambaqui foram vistos em pH 7 e em 90 min, sendo estes os utilizados para metodologia do hidrolisado caracterizado. A carcaça do tambaqui contém 57,31±0,27 de proteína e hidrolisado final apresentou um percentual de 83,14±1,60, ou seja, houve uma concentração de proteína. O HEP mostrou ausência de microrganismos patógenos e composição com todos os aminoácidos essenciais. A atratividade não foi observada nas unidades latência e aproximação, sem diferença entre as dietas aplicadas (p>0,05). A palatabilidade foi observada no número de peletes ingeridos, sendo a DCH mais consumida pela manhã (p<0,05). Ademais, percebeu-se que durante os 4 dias de experimento, os animais modificam seu comportamento, como na DCH em que o tempo de alimentação e saciedade aparente diminuem ao longo dos dias (p<0,05), sendo que no último dia se alimentam mais rapidamente. Verificou-se ainda que os animais ingerem mais peletes e diminuem seu tempo de latência, alimentação e saciedade aparente a noite (<0,05). Este estudo constatou a eficiência em utilizar um resíduo de tambaqui na elaboração de hidrolisado enzimático, resultando em um produto rico em proteína de alto valor biológico. Além disso, o hidrolisado pode ser utilizado como palatabilizante, fazendo que o tambaqui se alimente em menor tempo que o habitual, reduzindo o desperdício de ração.