O aumento da segurança no uso de fitoterápicos requer o conhecimento de seus efeitos diretos
sobre o organismo, bem como suas possíveis interações com drogas alopáticas. A
biotransformação de drogas é uma etapa primordial no processo de eliminação e diminuição
da toxicidade de qualquer molécula estranha ao organismo, entretanto, ela também é
responsável pelo surgimento de metabólitos reativos intermediários, que se ligam às
macromoléculas do organismo levando a processos celulares irreversíveis. A classe mais
importante de enzimas metabolizadoras das drogas alopáticas de fase II do processo de
biotransformação (conjugação) são as glutation-S-transferases e vários fitoterápicos podem
modular a sua atividade. A inibição destas enzimas pode resultar no aumento das
concentrações sanguíneas de fármacos, levando à intoxicação do usuário, enquanto a sua
indução pode causar redução na concentração destas drogas, levando à falha do tratamento.
Portanto, o uso concomitante de drogas alopáticas e de fitoterápicos pode ter conseqüências
indesejáveis à saúde do indivíduo, sendo de suma importância o conhecimento das interações
medicamentosas existentes. Neste trabalho foram avaliados os efeitos de extratos brutos
aquosos e caseiros de plantas medicinais amplamente consumidos no Brasil, como: pata-devaca (Bauhinia variegata, RBR 35778), carqueja (Baccharis myriocephala, RBR 35777
carqueja), capim-limão (Cymbopogon citratus, RBR 35780), erva cidreira (Lippia alba, RBR
35781), abacate (Persea americana, RBR 35792), boldo (Plectranthus barbatus, RBR
35782), romã (Punica granatum, RBR 35779), quebra-pedra (Phylanthuns sp., RBR 35783) :
alho (Allium sativum) e gengibre (Zingiber officinale) sobre a atividade das enzimas glutation
S-transferases hepáticas de ratos. A atividade enzimática foi determinada usando como
substrato o 1 cloro 2, 4 dinitrobenzeno (metodologia de Habig et al,1974) na presença dos
extratos vegetais. Grande parte das amostras vegetais avaliadas apresentou efeito inibitório
igual ou superior a 50%, sendo o extrato de romã o que apresentou as maiores inibições em
relação à atividade de GST citosólica hepática de rato. No entanto os resultados apresentados
demonstraram a inibição da GST em testes realizados in vitro, tornando-se necessário avaliar
os efeitos destes extratos e chás in vivo, para sabermos como a atividade da GST será
modulada. Potencias inibidores da Acetilcolinesterase (AChE) provenientes de plantas
medicinais tem aplicação na terapia de problemas cardíacos e da doença de Alzheimer. Neste
estudo a atividade da AChE foi determinada utilizando a metodologia de Ellman (1961),
porém não foi observado efeito inibitório desta enzima frente aos extratos brutos e caseiros
das plantas medicinais analisadas, a saber: capim-limão (Cymbopogon citratus), gengibre
(Zimgibre officinale), erva cidreira (Lippia alba), abacate (Persea americana), boldo
(Plectranthus barbatus) e alho (Allium sativum). Outros estudos in vitro e in vivo com o
fracionamento e os isolados fitoquímicos são necessários para melhor avaliar seus efeitos
sobre esta enzima.