O objetivo deste estudo foi investigar os constituintes químicos do extrato bruto e do óleo essencial (OE) e frações obtidas das folhas de Eugenia pyriformis e mensurar as atividades antioxidantes, antimicrobiana, anti-inflamatória, antitumoral e citotóxica. O presenta trabalho está organizado em quatro capítulos. No Capítulo 1 foi avaliado o potencial antioxidante do extrato bruto (EBEp) e frações das folhas Eugenia pyriformis Cambess obtidas por fracionamento cromatográfico com hexano, diclorometano, acetato de etila e metanol obtendo 14 frações que foram avaliadas quanto ao potencial antioxidante e destas, 5 se destacaram. O EBEp e as frações foram identificados por cromatografia líquida de alta eficiência à espectrometria de massas de alta resolução (CLAE-ESI/qTOF). As atividades antioxidantes do EBEp e das frações foram investigadas pelos métodos de captura do radical livre (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) (DPPH), pelo método de redução do ferro (FRAP), pelo sistema da co-oxidação do β-caroteno/ácido linoleico e pela determinação dos fenóis totais (FT). Foram identificados os compostos Ácido gálico (no EBEp e FR1 e FR4) , Ácido p-cumárico (no EBEp e FR5), Ácido ferúlico (no EBEp), Miricetina ( no EBEp e FR2), Quercetina ( no EBEp , FR1 e FR2, FR3 e FR4) e Caempferol (no EBEp e FR2) e o Ácido p-cumárico (no EBEp e FR5). Pelo método do DPPH, o EBEp e FR4 apresentaram maior capacidade de neutralização do radical livre DPPH com EC50 de 0,144 e 0,187 mg/mL, respectivamente; pelo método do FRAP, a FR1 mostrou maior potencial na redução do íon Fe(II) (8,202 µM sulfato ferroso/mg amostra) quando comparado às demais frações e EBEp. Os resultados da determinação dos fenóis totais mostraram que as FR1 e FR3 apresentaram maior conteúdo de fenóis totais (298,810 e 308,929 µg de ácido gálico/mg de amostra, respectivamente). O óleo essencial (OE) das folhas de E. pyriformis foi obtido por hidrodestilação (3h) e caracterizado por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG/EM), e no Capítulo 2 foi avaliado a atividade antimicrobiana do OE frente às bactérias as Gram-positivas Bacillus cereus, Listeria monocytogenes, Micrococcus flavus, e Staphylococcus. aureus, e Gram-negativas Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, e Salmonella typhimurim e fungos Aspergillus fumigatus, Aspergillus ochraceus, Aspergillus niger, Aspergillus versicolor, Penicillium funiculosum, Penicillium ochrochloron, Penicillium verrucosum e Trichoderma viride. O método utilizado foi o de microdiluição em caldo determinando a Concentração Inibitória Mínima (CIM), bacteriostática mínima (CBM) e fungistática mínima (CFM). A identificação química permitiu a caracterização de 24 compostos. A classe majoritária foi dos sesquiterpenos oxigenados (84,1%), seguido dos sesquiterpenos hidrocarbonetos (14,7%). Os compostos majoritários foram espatulenol (45,6%) e óxido de cariofileno (12,7%). O OE das folhas de E. pyriformis apresentou atividade fungistática e fungicida contra os fungos P. ochrochloron com (CIM 1,87 mg/mL), valor superior ao controle positivo cetoconazol (2,50 mg/mL) e o A. ochraceus (CIM 1,87 mg/mL) estatisticamente significativo ao controle positivo cetoconazol (1,50 mg/mL). No Capitulo 3 foi avaliado as atividades anti-inflamatória, antitumoral e citotóxica do OE. Foram identificados 27 compostos diferentes e os majoritários foram o espatulenol (45,29%), seguido de óxido de cariofileno (12,63%). Para a atividade anti-inflamatória foi utilizada a linhagem de macrófagos RAW 264.7 de camundongos e mensurado o potencial do óleo essencial (OE) das folhas de Eugenia pyriformis Cambess na inibição de produção de óxido nítrico (ON). Para a atividade citotóxica, foram utilizadas as linhagens de células tumorais humanas MCF-7 (adenocarcinoma de mama), NCI-H460 (carcinoma de pulmão), HeLa (carcinoma cervical) e HepG2 (carcinoma hepatocelular) e células não tumorais de fígado suíno (PLP2). Os resultados encontrados para a atividade anti-inflamatória indicaram que o OE foi 5,86 vezes menos ativo (EC50 92,04±8,24 µg/mL) que o controle positivo dexametasona (EC50 15,70±1,1 µg/mL) (p≤0.05). O OE apresentou baixa inibição sobre as células tumorais com GI50 (µg/mL) de 291,51 (MCF-7); 328,00 (NCI-H-460); 337,25 (HeLa) e 270,86 (HepG2) para as linhagens de células tumorais , NCI-H-460, HeLa e HepG2, quando comparado ao controle positivo elipticina (0,91 a 1,91µg/mL). Quanto ao potencial citotóxico em células não tumorais o OE apresentou citotoxicidade moderada (GI50 378,50 μg/mL) quando comparado a elipticina (GI50 3,22 µg/mL). No Capítulo 4 teve por objetivo avaliar o potencial antioxidante do OE e FRs obtidas a partir do fracionamento cromatográfico utilizando como eluentes hexano, diclorometano, acetato de etila e metanol em diferentes proporções. Vinte e uma frações foram obtidas e reagrupadas conforme fator de retenção (RF), resultando em 10 frações que foram testadas quanto ao potencial antioxidante pelos método DPPH, FRAP e pelo sistema de co-oxidação do beta-caroteno/ácido linoléico. A análise química revelou no OE 59 compostos, cujas classes predominantes foram os monoterpenos (53,64%) e sesquiterpenos hidrocarbonetos (35,06%). Os compostos majoritários encontrados no óleo essencial foram limoneno (16,72%), β–pineno (15,70%) e o trans-cariofileno (10,72%). Quanto ao potencial antioxidante os melhores resultados encontrados foram pelo sistema de co-oxidação β-caroteno/ácido linoléico, onde o óleo essencial mostrou alto potencial de inibição da oxidação com valores entre 72,27 a 68,91 % e as Frações FR1, FR2, FR8 apresentaram potencial intermediário com valores entre 46,89 a 54,52%.