Esta dissertação tem como objetivo central compreender a produção do espaço na cidade
pequena, na perspectiva de entendimento das formas de representação e apropriação das
práticas cotidianas em São Felipe - BA. Problematiza como as práticas cotidianas se realizam
no espaço da cidade pequena, em meio à (re)produção das formas de representação e
apropriação do espaço vivido. Para se chegar ao entendimento dessa questão as interpretações
estão pautadas no diálogo entre as abordagens dos níveis da dominação política (representado
pela atuação do poder público municipal) e do social (vinculado ao nível privado de realização
das práticas do habitar: como os moradores se apropriam, percebem e representam o espaço da
cidade), propostos por Lefebvre. Adotou-se a abordagem dialética para interpretação dos
espaços do Centro e áreas segmentadas socialmente, de modo especial do “Bairro” Urbis,
Loteamento Laranjeira e Rua Bevenuto Nóia “Jurema”. Essas áreas foram eleitas para estudo,
pois apresentam elementos que se assemelham e/ou diferenciam em meio às representações
espaciais. No decorrer da pesquisa, o caminho metodológico de diálogo entre teoria e empiria
foi fundamental para a interpretação da problemática de pesquisa, atrelada as dimensões da
trialética lefebvriana do percebido, concebido e vivido em São Felipe. As etapas da pesquisa
constituíram-se em: construção da discussão teórico-metodológica; pesquisa documental e in
loco, como subsídios para a fundamentação da coleta de informações históricas e levantamento
de dados sobre o objeto de estudo; instrumentos de coleta de dados, com o uso de entrevista
semiestruturada e questionários, como procedimentos de observação e apreensão da realidade;
mapeamento, organização e sistematização das informações; e, análise dos resultados.
Compreende-se que, por meio das práticas espaciais, os sujeitos se apropriam do espaço e
constroem suas relações sociais. E, no contexto da cidade pequena, essas relações são
compartilhadas entre os sujeitos de forma mais próxima. O conceito de cidade pequena é uma
construção teórica que envolve diferentes abordagens e tem conquistado espaço no debate
geográfico. As reflexões apontadas ajudam a pensar a realidade desse perfil de cidade de forma
crítica, de modo a apreender o processo de (re)produção do espaço como algo complexo que
apresenta suas particularidades, e ao mesmo tempo, dialogam com questões mais amplas
reproduzidas na sociedade. Entende-se, assim, que ao nível do habitar, as relações sociais de
produção e reprodução do espaço se realizam, se conflitam e podem ser reconstruídas. Em São
Felipe, nas relações de sociabilidade nos bairros revelam-se os sentidos de como a vida
acontece, em meio a espontaneidade, necessidades, conflitos e perspectivas de uma cidade com
melhores condições para se viver.