Este estudo analisa as proposições interacionais e comunicacionais oferecidas pelas literaturas de aconselhamento empresarial contemporânea sobre a gestão da mudança organizacional, levando em consideração que essas literaturas exercem alto grau de influência sobre as decisões empresariais, afirmação baseada nos pensamentos de Boltanski e Chiapello (2009), que terá um papel importante nas análises desta pesquisa. Para isso, foi realizado um levantamento das obras mais vendidas nos sites das livrarias Amazon, Saraiva e Livraria Cultura, e selecionados os quatro livros citados em mais de uma lista, partindo da premissa de que são os de maior circulação sobre o tema no momento de realização do trabalho e considerando os de maior interesse de busca, levando em conta possíveis regras dos sistemas de recomendação presentes nos sites de compra. O estudo se concentrou, inicialmente, em levantar as recomendações mais comuns apontadas pelos autores, fazendo, a partir daí, uma análise crítica (1) das práticas recomendadas com foco nos conhecimentos e nos saberes nas organizações, (2) nas práticas de interação e relações de poder e (3) em como essas literaturas tratam o tema de comunicação e cultura organizacional. Para tanto, trabalhou-se a partir de Gorz (2005), Goffman (2010) e Bourdieu (2005), assim como pesquisadoras e pesquisadores da Comunicação Organizacional, como Kunsch (2003), Pereira (2011), Curvello (2012) e Marchiori (2009). A análise das obras sugere a existência de acordos implícitos durante as interações, influenciadas por relações de poder, que assumem papel decisivo nos comportamentos das pessoas. Se todos buscam acomodar-se às mudanças e seguem as diretrizes de um poder maior das organizações, podemos dizer que qualquer mudança instalada, somada ao fator de relações de poder, será aceita e praticada. O estudo também levanta a necessidade de uma atuação mais estratégica dos profissionais da comunicação no processo de gestão da mudança organizacional, considerando que não se fala de mudança organizacional sem falar de mudança cultural e não se fala de cultura sem falar de comunicação.