A soja é uma leguminosa largamente cultivada em diversos países devido aos elevados teores
de proteínas e óleos contidos em seus grãos. É utilizada na alimentação humana e animal ou
destinada a produção de medicamentos, produtos industriais e biocombustível. Por outro lado,
o estresse salino é um fator limitante na produção da cultura e estima-se que mais de 800
milhões de hectares são afetadas pela salinidade. Nesse sentido, o objetivo dessa pesquisa foi
avaliar o comportamento estrutural, utilizando variáveis da raíz, caule e folha, detalhando as
possíveis modificações anatômicas envolvidas nesses órgãos, além de compreender o
comportamento nutricional, o aparato fotossintético, trocas gasosas, sistema antioxidante e
danos oxidativo em plantas de soja submetidas a estresse salino progressivo. Para isso, o
experimento foi randomizado em cinco tratamentos (0, 50, 100, 150 e 200 mM de NaCl). Na
raíz, aumentos na epiderme e endoderme revelam os papeis protetores dessas estruturas em
plantas submetidas até 100 mM Na+, que favorecem a redução do influxo de Na+. Com o
incremento da salinidade, o maior aumento do aerênquima lisígeno minimiza a absorção de
íon tóxicos através da substituição das células mortas por espaços de ar. Em relação ao caule,
aumentos no córtex e na medula, no primeiro entrenó nas concentrações de 100 mM Na+,
amenizam os danos e estresse oxidativo gerados pelo sal nas regiões meristemáticas. Em
todas as regiões da raiz e do caule analisadas nas plantas de soja submetidas a concentrações
de 50-200 mM Na+, o metaxilema é reduzido para evitar a cavitação e perda da
funcionalidade dos elementos de vasos e, essas alterações, maximiza a impermeabilidade
deste tecido evitando o fluxo iônico através do aumento da espessura da parede celular. Em
relação às folhas, o estresse salino progressivo interfere negativamente na homeostase de
K+/Na+, o conteúdo nutricional, aparato fotossintético e trocas gasosas, também aumenta o
dano oxidativo e, em certa medida, induz o sistema antioxidante e prejudica os pigmentos
fotossintéticos. Por outro lado, os impactos da salinidade promovem modificações anatômicas
foliares que minimizam os efeitos deletérios associados ao Na+. Efeitos como o aumento da
cera epicuticular em concentrações salinas de 50 mM Na+ favorecem uma proteção lipofílica
que evita a perda de água pela transpiração e a incidência direta da radiação solar nas células
epidérmicas. Além disso, as melhorias observadas na quantidade dos estômatos, em sua forma
mais elíptica, bem como o aumento da espessura da epiderme, até 100 mM Na+, evidenciam
uma estratégia para o uso eficiente da água. Por fim, esta pesquisa mostrou que plantas de
soja submetidas a estresse salino progressivo exibiram modificações anatômicas para
minimizar os efeitos deletérios associados ao Na+.