A escala é um dos aspectos cruciais na Ecologia de Paisagem sendo um dos pontos principais do conceito de paisagem, pois é a partir dela que é possível expressar a percepção biológica frente as mudanças no uso e cobertura da terra no espaço e tempo. A escala se traduz em duas dimensões que se complementam na perspectiva das respostas da biodiversidade, a espacial e a temporal. Ambas condicionam diretamente a forma e magnitude dos impactos, nas espécies, ocasionados pelas alterações na paisagem, sendo aspectos necessários a serem compreendidos e considerados em pesquisas e iniciativas de conservação da biodiversidade em paisagens antropizadas. Neste sentido, esta tese aborda como estas duas dimensões da escala (espacial e temporal) se relacionam com a diversidade biológica de escarabeíneos na Amazônia. No primeiro capítulo se discute como a identificação da escala de efeito, ou seja, tamanho da paisagem na qual as espécies respondem as perturbações espaciais é associada ao nível ecológico (assembleia, grupo funcional e espécies). Além disso, também se avalia como o tipo de variável resposta pode influenciar nessa definição e como a biomassa (proxy de tamanho) pode interferir na relação da paisagem com as espécies de escarabeíneos. Assim, este capítulo mostra que o nível ecológico não afeta de forma hierárquica a determinação da escala de efeito, por outro lado, a riqueza de espécies não se mostra sensível a variabilidade da escala espacial, enquanto a abundância é bem associada. Por último, os efeitos das modificações na paisagem atingem de modo similar todos escarabeíneos independente do seu tamanho. No capítulo 2, a discussão se dá na existência de um tempo de atraso/relaxamento (“time lag”) da resposta de escarabeíneos as perturbações ao nível da paisagem, também se avalia qual nível ecológico (assembleia e grupo funcional) é mais vulnerável a ter um maior atraso nessas respostas. E por fim, se a probabilidade de ocorrência de um tempo de relaxamento é condicionada pelo tamanho dos escarabeíneos. Como resultado, se observou que os escarabeíneos não respondem imediatamente a perda de habitat, pois a abundância destes demanda 9 anos para terem suas respostas efetivadas, além disso grupos funcionais baseados na estratégia de alocação de recursos são mais vulneráveis as condições passadas da paisagem. Ademais, o efeito da escala temporal é único em escarabeíneos, independentemente do tamanho (pequenos, médios e grandes), pois todas espécies apresentam o mesmo tempo de relaxamento. As conclusões desta tese apontam para relevância, em termos de identificação de respostas mais precisas da relação paisagem x biodiversidade de escarabeíneos, da escala espacial e temporal na compreensão adequada de como os impactos da perda de habitat se propagam pelo espaço e tempo.