Esta dissertação intitulada “Educação e relações étnico-raciais: formação docente em curso de filosofia da UFMT” está vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE), na Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT (Campus Cuiabá), na linha de pesquisa “Movimentos Sociais, Política e Educação Popular”. Esta pesquisa, fomentada pela CAPES, foi desenvolvida no âmbito do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação – NEPRE, sob a orientação da Profa. Dra. Candida Soares da Costa. O objeto desta pesquisa é a Formação Docente em Filosofia no contexto das Relações Étnico-raciais, e, para tal, optou-se pela análise do Projeto Político-Pedagógico do Curso (PPC) como fonte de pesquisa. Trata-se, portanto, de uma pesquisa bibliográfica (SEVERINO, 2007; GIL, 2010) e documental (TOLEDO; GONZAGA, 2011) com abordagem qualitativa (MINAYO, 2001; GIL, 2010), utilizando como técnica de coleta de dados o diário de campo (ARAÚJO, 2013) e a análise de conteúdo (GODOY, 1995; MINAYO, 2007). Os dados produzidos a partir do PPC buscam compreender, através do currículo, de que forma se contempla a educação das relações étnico-raciais, quais as bases epistemológicas e quais os quadros de referência sobre diversidade humana nele apresentado, ou seja, quem são os filósofos estudados nas disciplinas. Durante um percurso pela Filosofia Iluminista e o discurso filosófico construído a respeito do africano nesse período, que os destituía de humanidade e racionalidade, foi possível compreender que este mesmo discurso teve por consequência a negação epistêmica africana e a consolidação da Filosofia Europeia como universal. O racismo epistêmico presente na história da filosofia se reflete nos currículos de formação, seja em nível básico ou superior, mesmo após a lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana nos currículos escolares, tornando necessária também a reflexão sobre a formação de professores. Em 2013, o PPC de Licenciatura em Filosofia sofreu alterações, sendo uma delas a adequação do currículo às Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais, afirmando desenvolver disciplinas que abordam o tema, dentre elas, Ética, Filosofia da ciência, Filosofia e educação e Seminário de prática de ensino. Após a análise, o PPC revelou que, mesmo afirmando ter adequado o currículo para a educação das relações étnico-raciais, o mesmo segue eurocêntrico, ignorando o pensamento africano e a sua contribuição para a História da Filosofia.