O Câncer Colorretal (CCR) é o terceiro tipo de câncer mais comumente diagnosticado mundialmente, multifatorial, sendo 95% dos casos esporádicos. A Doença Inflamatória Intestinal (DII), que compreende principalmente a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, tem sido relacionada como fator de risco do CCR. Apesar dos avanços terapêuticos contra o câncer, a prevenção e controle desta doença ainda representam um desafio. Diante disso, estudos sugerem que componentes presentes na dieta como fibras, vitaminas e lipídeos bioativos, podem representar uma importante estratégia na prevenção ou tratamento do câncer. O abacate (Persea americana Mill.) é rico em fibras, vitaminas A, B, E e K, bem como ácidos graxos mono e poli-insaturados. Estudos anteriores revelaram que o abacate possui atividade anti-inflamatória no modelo experimental de DII em ratos. Além disso, estudos em outros modelos mostram que essa espécie apresenta atividades antioxidante, anticancerígena, antibacteriana, anti-inflamatória e cicatrizante. Portanto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar se a dieta suplementada com polpa de abacate (Persea americana Mill. var. Hass) apresenta atividade antiproliferativa, em modelos in vitro e in vivo, e atividade antitumoral no modelo experimental de CCR em camundongos. Para isso, avaliamos o consumo prolongado (50 dias) da dieta suplementada com polpa de abacate (DSPA) a 20% em camundongos Balb/C, a ação antiproliferativa da polpa de abacate in vitro, em linhagens humanas tumorais e não tumorais, e da DSPA nas concentrações de 10, 15 e 20% in vivo, no modelo de tumor sólido de Ehrlich em camundongos Balb/C. Posteriormente, avaliamos a ação antitumoral da DSPA nas concentrações de 10 e 20% no modelo de CCR induzido por azoximetano (AOM) (dose única: 10 mg/kg, i.p.) em camundongos C57BL/6, seguida de 2 ciclos de sulfato de sódio dextrano a 2,5% na água de beber. Foram realizados tratamentos preventivos (30 dias antes das induções) e pós-indução com as diferentes concentrações de dietas. Os resultados demonstraram que o consumo da DSPA por um período prolongado (50 dias) foi bem aceito e foi capaz de reduzir o peso corporal e os níveis de triglicerídeos dos animais, sem sinais de toxicidade. A polpa de abacate foi capaz de inibir, in vitro, o crescimento celular das seguintes linhagens: OVCAR-3 (ovário), MCF-7 (mama) e HaCat (queratinócitos); no entanto, a mesma atividade antiproliferativa não foi observada in vivo (modelo do tumor sólido de Ehrlich). Já no modelo de CCR a DSPA a 10% (preventivo) foi capaz de reduzir o tamanho do tumor e apresentou, juntamente com a DSPA a 20% (pós- indução), menor número de tumores e menor relação do peso/ comprimento colônico. Em relação aos parâmetros bioquímicos, a DSPA a 10% e 20% (preventivo) aumentou os níveis de glutationa. Quanto a expressão gênica, a DSPA a 10% (pós-indução) apresentou menor expressão dos mediadores pró-inflamatórios IL-6, IL17, IL23 e iNOS. Estes resultados destacam importantes efeitos antioxidante e antitumoral da polpa de abacate no modelo de CCR, provavelmente relacionado aos seus componentes bioativos, podendo ser um potencial alimento funcional na prevenção e/ou tratamento do câncer colorretal.