Há uma preocupação crescente com o aumento dos níveis tóxicos dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos derivados do petróleo no meio ambiente. Assim, é necessário desenvolver tecnologias eficientes de tratamento destes compostos, sendo a aplicação de lacase (enzima), um dos tratamentos mais promissores. Neste contexto, as condições otimizadas para a aplicação de lacases são frequentemente investigadas, com trabalho em condições ótimas de pH e temperatura, com mediadores de elevado custo (> R$ 360,00 g-1) e enzimas para obtenção de elevados rendimentos. Mas devido ao uso de reagentes de alto custo em condições controladas, estes não são ainda capazes de resolver problemas de remediação de áreas contaminadas. Para o desenvolvimento de uma técnica de bioremediação economicamente viável e eficiente, a degradação dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos foi avaliada por lacases livre e imobilizada em espuma de poliuretano, material de baixo custo, para biorremediação em modo descontínuo em águas subterrâneas na ausência de mediadores. Os experimentos com a lacase livre apresentaram rendimento máximo de degradação de 94,37% do antraceno, 72,08% de naftaleno e 30,43% de benzo(a)pireno. O destque foi o antraceno que atingiu a concentração final de 0,70 mg L-1, menor do que estabelecidopelas políticas internacionais de meio ambiente e foi detectada antraquinona, conhecido por ser menos tóxica, como produto da degradação. Por outro lado, a lacase imobilizada em espuma de poliuretano removeu 92,35% de antraceno e 97% de benzo(a)pireno. Uma sensível melhora no rendimento de remoção de outros 8 hidrocarbonetos policíclicos aromáticos testados em concentração mais baixa (μg L-1), foi observado pela enzima imobilizada em comparação com os resultados da lacase livre. Lacase imobilizada removeu 77,24% de criseno até 34μg L-1, 32,07% de pireno até 98 μg L-1,que em conjunto dos 0,95 mg L-1 finais de antraceno, foram os compostos cujas concentrações finais atenderam os limites de intervenção das políticas de proteção ambiental. Após a degradação foram identificados os seguintes produtos de biodegradação do antraceno e benzo(a)pireno: di-isoctil ftalato e tetradecano.A partir destes foram propostas vias de degradação, incluindo processos de oxidação e fissão de anel aromático que levaram à formação de quinona e de dietilftalato. Deste modo, há grande potencial em duas estratégias propostas de biorremediação enzimática: (I) aplicação da lacase livre, diretamente, nas águas subterrâneas para biorremediar os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos in-situ, e (II) utilizando biorreatores com lacase imobilizada em espuma de poliuretano para tratamento ex-situ.