O líquen plano caracteriza-se como uma doença inflamatória crônica mucocutânea relativamente comum na população. Possui etiologia incerta, sendo possivelmente associado a fatores genéticos, psicológicos e infecciosos, dentre os quais o último vem ocupando um maior destaque devido a uma possível correlação com o vírus do papiloma humano (HPV) e com o Epstein-Barr vírus (EBV). O HPV possui alguns tipos considerados oncogênicos associados ao câncer de colo de útero e fortemente associado ao carcinoma
espinocelular (CEC) de orofaringe. O EBV pertence à família herpesvirus humano e está relacionado com o carcinoma nasofaríngeo, linfoma de Burkitt e linfoma não-Hodgkin e sua possível relação com o CEC vem sendo estudada. O objetivo deste estudo foi detectar a presença do DNA do HPV e do EBV em amostras de tecido fresco, plasma sanguíneo, saliva e células esfoliadas orais, extraídas de um grupo pareado por sexo e idade de pacientes portadores de líquen plano bucal (LPB) e de um grupo de pacientes sem lesões de LPB, além de correlacionar as variáveis epidemiológicas dos grupos estudados com a presença viral e verificar se as fontes materiais testadas por este estudo são fontes viáveis para detecção do HPV e do EBV. Foram avaliados 24 pacientes portadores de LPB (Grupo caso) e 17 pacientes sem lesões de LPB (Grupo
controle). A extração de DNA das amostras foi realizada após confirmar a presença e integridade do DNA. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística (Teste exato de Fisher e Teste do Qui-Quadrado Mantel-Haenszel, ambos, com nível de significância de 5%). A nPCR foi utilizada para
detecção do HPV e do EBV. Obteve-se a positividade viral para o HPV em 41,7% das amostras teciduais, em 12,5% das amostras de células esfoliadas e em nenhuma amostra de plasma sanguíneo e saliva dos pacientes do Grupo caso e em 52,9% das amostras teciduais e de saliva, 47,1% e 58,8% amostras
de células esfoliadas e plasma sanguíneo, respectivamente, no Grupo controle. Encontrou-se a positividade para o EBV em 62,5% das amostras teciduais, em 70,8% das amostras de células esfoliadas e em 33,3% das amostras de plasma sanguíneo e 75% em amostras de saliva do Grupo caso e em 35,3% das amostras teciduais, 64,7% em amostras de saliva e em 82,4% e 47,1% das amostras de células esfoliadas e plasma sanguíneo, respectivamente, no Grupo controle. Houve prevalência pelo sexo feminino 83,3% no Grupo caso e
76,5% no Grupo controle. As variáveis não atróficas-erosivas foram as mais acometidas pelo EBV, ao contrário das variáveis atróficas-erosivas que foram as mais acometidas pelo HPV. Apesar da alta prevalência dos vírus estudados em algumas amostras do Grupo caso e do Grupo controle, não foi encontrada
correlação entre o LPB, o HPV e o EBV, entretanto todas as fontes testadas neste estudo foram consideradas viáveis para a detecção do EBV e para o HPV (em indivíduos sem lesões de LPB).