O tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), mamífero silvestre pertencente à superordem dos Xenarthras, é originário das Américas Central e do Sul. Atualmente, está classificado como espécie vulnerável, principalmente devido ao desmatamento, queimadas e atropelamento. Isso justifica, em parte, sua atual classificação na categoria de animal vulnerável, segundo a lista da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Por isso, alguns exemplares dessa espécie são mantidos em cativeiro como alternativa para a preservação e a reprodução desses animais. Contudo, diversas situações podem estimular alterações comportamentais e fisiológicas importantes, refletindo em seu estado homeostático e desencadeando doenças. Essa espécie apresenta diversas peculiaridades anatômicas sob investigação, porém, algumas lacunas permanecem, necessitando de abordagem profunda e minuciosa. O conhecimento da anatomia e fisiologia dos diversos sistemas orgânicos de animais hígidos é fundamental para o correto diagnóstico de alterações patológicas ou enfermidades. Dentre os sistemas orgânicos conhecidos, o trato respiratório destaca-se como o de maior vulnerabilidade a patógenos, como microrganismos aéreos, partículas e gases tóxicos dispersos no ar, além de uma grande variedade de agentes infecciosos e toxinas que comprometem as funções de troca gasosa do sistema respiratório. Diante disso, esta pesquisa teve por objetivo apresentar dados adicionais acerca das características morfológicas do sistema respiratório do tamanduá-bandeira, visando o melhor conhecimento da espécie e, com isso, sua conservação e preservação. Para tanto, foram utilizados 12 tamanduás-bandeiras adultos, de vida livre e resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres de Goiânia, Goiás (CETAS - GO). Destes, três foram fixados em formalina tamponada para posterior dissecação e análise macroscópica das estruturas do sistema respiratório. Os demais tiveram fragmentos de faringe, laringe, traqueia e pulmão colhidos e preparados para avaliação histológica em microscópio óptico. Macroscopicamente, a faringe e o palato mole desses animais são extensos e a localização anatômica dessas estruturas e da laringe é cervical. A laringe, embora mais caudal, apresenta-se análoga àquela de outros animais. A traqueia é proporcionalmente curta, com 19 a 27 anéis de cartilagem, o pulmão direito apresenta quatro lobos e o esquerdo dois. Histologicamente, o epitélio dessas regiões varia do tipo pseudoestratificado cilíndrico ciliado a estratificado pavimentoso. As cartilagens da laringe são compostas de cartilagem elástica e hialina, com processo de ossificação. A pleura visceral pulmonar é espessa, assim como nos grandes mamíferos domésticos e forma septos completos. A distinta localização anatômica da faringe e laringe do M. tridactyla compreende o principal achado macroscópico deste estudo, além do comprimento da faringe e do palato mole desses animais. A histomorfologia da faringe, laringe, traqueia e pulmão é semelhante àquela de outros mamíferos domésticos e silvestres. Contudo, com particularidades como a localização atípica da faringe e da laringe, calcificação e ossificação nas cartilagens aritenoide, cricoide e tireoide, além de histomorfologia pulmonar especialmente semelhante à de suínos e ruminantes, com a pleura visceral espessa e emitindo septos completos de tecido conjuntivo, que conferem arquitetura parenquimal lobular.