O melanoma é uma forma de câncer originado a partir de melanócitos que passam por alterações genéticas, causando modificações morfológicas (aumento do núcleo, deslocamento da cromatina para a extremidade da membrana nuclear e formação assimétrica) e bioquímicas (variação no ciclo celular e alteração na expressão de proteínas) com elevação da taxa de proliferação celular. Posteriormente, ocorre invasão celular para o tecido subcutâneo, sistema linfático e vasos sanguíneos, originando a metástase. Devido à baixa eficácia dos agentes quimioterápicos empregados na terapêutica, torna-se essencial para o tratamento do melanoma, o desenvolvimento de novos fármacos que sejam menos tóxicos e que não desencadeiem quimioresistência. O limoneno é um terpeno obtido através da via 1-desoxi-D-xilulose 5-fosfato (DOXP), encontrado em espécies vegetais, principalmente em frutas cítricas e em seus óleos essenciais. Possui propriedades farmacológicas como: anti-inflamatórias, antiprotozoária, antidiabéticas, antioxidantes e antitumorais. No presente trabalho, foi avaliada a atividade citotóxica do limoneno in vitro em células de melanoma murino B16F10-Nex2 e foi determinada a EC 50% de 0,245 ± 0,015 mM. Em células de melanoma humano da linhagem SKMEL 25, a EC 50% foi de 0,503 ± 0,048 mM. Além disso, foi determinada uma curva de tempo para avaliar a atividade antitumoral do limoneno em 30 minutos, 1, 2, 4, 6, 12 e 24 horas,
onde foi observado que o composto possui atividade citotóxica nas primeiras horas de tratamento e que o seu efeito citotóxico foi tempo dependente. A partir desses resultados, o limoneno foi testado na presença de inibidores específicos de apoptose (Z-VAD-FMK), autofagia (3-Metiladenina), necroptose (Necrostatina) e inibidor de espécies reativas de oxigênio (N-acetilcisteína) para análise do mecanismo de morte em células de melanoma
murino B16F10-Nex2. A N-acetilcisteína, bem como a necrostatina, não inibiram a morte celular induzida pelo limoneno, entretanto, em células tratadas com Z-VAD-FMK houve diminuição na taxa de morte celular em comparação as células não tratadas com o inibidor e tratadas com o limoneno. Ademais, o tratamento com 3-Metiladenina inibiu a morte celular em relação às células não tratadas com o inibidor e tratadas com limoneno. Células tratadas com
esse terpeno também foram analisadas por microscopia eletrônica de transmissão para determinação de modificações morfológicas, onde foi verificado que, após o tratamento com limoneno, houve alteração mitocondrial, presença de vacúolos autofágicos e condensação da cromatina em células tratadas. O ensaio in vivo utilizando o modelo metastático apresentou atividade antitumoral, pois foi observado que camundongos C57Bl/6 tratados com o terpeno
apresentaram diminuição no número de nódulos pulmonares quando comparados com camundongos não tratados. A viabilidade em células não tumorais foi avaliada em células de fibroblasto da linhagem 3T3 in vitro, o terpeno não demonstrou efeito citotóxico nessas células. Os dados sugerem, portanto, que o limoneno induz a morte celular em células de melanoma e possui potencial como agente terapêutico para o desenvolvimento de novas drogas para o
tratamento de melanoma. Palavras-chave: Melanoma. Limoneno. Atividade antitumoral. Terpeno.