As quedas de blocos são eventos gravitacionais naturais, sendo responsáveis pela dinâmica e
evolução das vertentes, além de serem perigosos ao homem, causando impactos sobre as
populações que vivem em encostas susceptíveis. Estas ocorrem na serra da Meruoca, sendo
relacionadas, de forma geral, à sua configuração natural com predomínio de blocos de granito
em encostas íngremes, ocorrência de sismos, pluviosidade elevada nas vertentes mais úmidas,
existência de solos expostos altamente erodidos e pela aceleração do processo de ocupação
humana no ambiente. A área de estudo em questão está situada na vertente noroeste da serra da
Meruoca, delimitada a partir da bacia do riacho do Poção, com altitudes que variam entre 60 e
1000 metros. A bacia possui aproximadamente 144 km² e seu canal principal é de quinta ordem,
que contribui para o aporte do Rio Coreaú. Logo, o objetivo principal pretendido é o
mapeamento de susceptibilidade à ocorrência de quedas de blocos na vertente noroeste da serra
da Meruoca, a partir da metodologia de modelagem por Análise de Multicritérios (AMC). Esta
consiste na aplicação de ponderações sobre fatores que influenciam o fenômeno analisado, em
que a manipulação é feita em ambiente SIG. Para tanto, a pesquisa foi executada através de
etapas como aquisição de dados bibliográficos e cartográficos, técnicas de geoprocessamento e
interpretação de mapas, pesquisa de campo, e, por fim, reunião e consolidação dos dados
obtidos. O mapeamento final é dividido em cinco classes, contudo, pode-se perceber que a
maior parte da bacia analisada comporta os níveis de susceptibilidade muito baixa a baixa (46%
da área). Os locais de susceptibilidade elevada compõem cerca de 1/3 de toda a bacia, estando
localizados principalmente nos declives íngreme-escarpados, em ambientes de colinas
convexas e cristas com presença de afloramentos rochosos. A partir da hipótese inicial de que
poderia haver altos graus de susceptibilidade na área de estudo, as técnicas da AMC indicaram
nos resultados que as porções das classes baixas são predominantes, significando que a bacia
hidrográfica delimitada não comporta altos níveis de susceptibilidade de acordo com os critérios
elencados. Entretanto, a metodologia aplicada foi satisfatória na indicação de ambientes
susceptíveis. Com isso, pode-se sugerir que estes locais apontados como altamente susceptíveis
aos deflagros não são favoráveis à ocupação humana, visto que as encostas se mostram
instáveis, influenciadas principalmente pelo alto valor de declividade.