O envelhecimento da população é uma tendência global incontestável, sendo que os idosos com 80 anos ou mais anos, denominados longevos, representam o segmento populacional que mais cresce. Esse aumento implicou em um novo cenário epidemiológico, caracterizado por múltiplas doenças crônicas não transmissíveis, morbidades e dependência funcional, responsáveis por privar o idoso de uma vida autônoma e saudável, por esta razão classificar grupos e entender a dinâmica que os permeia é essencial para embasar intervenções com objetivo de primar sempre por uma melhor qualidade de vida. O objetivo da presente pesquisa foi descrever as características sóciodemográficas e as condições de vida e saúde de um grupo de longevos. Trata-se de um estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa. A população foi composta por 104 idosos com idade de 80 anos ou mais, de ambos os sexos. Os dados foram obtidos por meio de questionário estruturado com informações sociodemográficas, as doenças crônicas autorreferidas e as condições de saúde. Aplicou-se o MEEM para rastreio cognitivo, utilizou-se o índice de Katz e a escala de Lawton e Brody para avaliar a capacidade funcional e os instrumentos WHOQOL-BREF e o WHOQOL-OLD para avaliar a qualidade de vida. Os dados foram analisados utilizando-se o software GraphPad Prisma 6.0. Constatou-se que a faixa etária variou de 80 a 94 anos, com média de 83 anos, predomínio de mulheres e viúvas, a maioria são aposentados e/ou pensionistas, com baixa escolaridade e vivem em domicílios multigeracionais. As doenças mais prevalentes foram hipertensão, artrite/artrose, diabetes mellitus, câncer, osteoporose, depressão, doença pulmonar obstrutiva crônica e os medicamentos mais utilizados foram os de ação nos sistemas cardiovascular, reumático e ósseo. A maioria classificou sua qualidade de vida como boa e apresentaram percepção positiva de saúde. Nas AAVD, 84,62% dos idosos são mais ativos, 49,04% são parcialmente dependentes para as AIVD, enquanto 32,69% são dependentes parciais para as ABVD. Ressalta-se a necessidade de repensar ações mais efetivas para a melhoria da saúde desse estrato populacional, dada a potencial relevância das doenças crônicas no perfil da morbimortalidade brasileira, assim conhecer quais são as demandas pode-se contribuir com o reordenamento das políticas públicas.