Esta tese tem como objeto de estudo o trabalho do assistente social na Política de Assistência Social (PAS). O problema desta pesquisa se configura a partir da relação entre o trabalho do assistente social e as estratégias de comunicação utilizadas para o acesso e democratização de informações na PAS. Tem como objetivo geral analisar a relação entre o trabalho do assistente social e a comunicação na perspectiva da democratização das informações na Política de Assistência Social. Quanto à metodologia, destacam-se os seguintes passos: a revisão de literatura, que abrangeu o levantamento de artigos publicados em periódicos online na área do Serviço Social, bem como os trabalhos completos apresentados no Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) a partir da 12ª edição até a 15ª. Quanto aos periódicos, foram localizados 22 (vinte e dois) artigos com a temática Serviço Social e comunicação, a partir da análise de 12 (doze) periódicos online da área do Serviço Social hospedados em sites de programas de Pós Graduação e a revista Serviço Social e Sociedade produzida por empresa privada, desde sua disponibilização online até o final do ano de 2018. Com relação ao CBAS, foram localizados 29 (vinte e nove) trabalhos. O segundo passo foi composto por uma pesquisa documental, onde se buscou analisar as normativas que tratam do direito ao acesso à informação em âmbito internacional e nacional, bem como na PAS. Foram analisadas as peças comunicacionais disponibilizadas pelo Ministério da Cidadania e Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (SEJUF), indicando a tipologia de comunicação realizada e o conteúdo expresso nas diversas peças comunicacionais. Foram ainda analisadas as informações sobre a Política de Assistência Social contidas nos sites das prefeituras, bem como, páginas do facebook dos CRAS dos municípios participantes da pesquisa. Analisou-se também o CFESS Manifesta, publicação online, hospedada na página do CFESS, dando ênfase aos que tratavam da Política de Assistência Social. O terceiro passo foi a aproximação com os sujeitos da pesquisa, através de contato prévio e na sequência, envio do questionário por meio da plataforma Google Forms, contendo perguntas abertas, fechadas e de múltipla escolha sobre o tema. O questionário foi enviado para 23 (vinte e três) assistentes sociais que atuam na PAS, especificamente em Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) de 23 (vinte e três) municípios do Vale do Ivaí, região norte do estado do Paraná-PR, e, respondido por 14 (quatorze) assistentes sociais. Após a qualificação, por sugestão da banca, foi ampliado o universo da pesquisa para Órgão Gestor e CREAS, o que se deu a partir de entrevista semi-estruturada com mais 5 (cinco) assistentes sociais, totalizando 19 (dezenove) sujeitos. A pesquisa revelou que a discussão sobre a relação entre o Serviço Social e a Comunicação vem crescendo, tanto nos artigos publicados em periódicos, quanto nos CBAS, indicando tendências nos estudos desta temática, sendo estas: a comunicação como possibilidade de socialização da informação e ferramenta de fomento à participação e ações de controle via política social; comunicação de massa e a ampliação dos espaços de informação; indústria cultural. Ainda como tendências chegaram-se ao papel centralizador da comunicação na sociedade e seus rebatimentos no Serviço Social brasileiro; a importância da comunicação nas políticas públicas para viabilização do acesso aos direitos. Localizou-se também uma tendência em reconhecer que a democratização da informação apresenta-se como fundamental para exigir do Estado formulação de respostas às necessidades da população e que a relação
entre o Serviço Social e a Comunicação ainda se encontra como um desafio para a profissão. Da mesma forma, notou-se uma preocupação em disseminar a imagem e auto imagem do assistente social na sociedade e o reconhecimento da linguagem como instrumento de trabalho do assistente social e a necessária qualificação deste instrumento nos diversos espaços sócio ocupacionais. As publicações do CFESS Manifesta acompanham o processo sócio histórico da sociedade, numa perspectiva classista, indicando as temáticas consideradas fundamentais para a formação do posicionamento político dos assistentes sociais. Outra questão constatada na pesquisa diz respeito às peças publicitárias disponibilizadas pelo Ministério da Cidadania e SEJUF, que apresentam um discurso oficial sobre a PAS na ótica de benefícios e não do direito, forjando um tipo de conhecimento acerca desta política, conhecimento este voltado para as normativas e o seu direcionamento e não expressam necessariamente os interesses dos usuários. Já em relação às peças comunicacionais produzidas e utilizadas pelos sujeitos da pesquisa, observou-se que tratam especificamente de ações e atividades já realizadas, evidenciando uma preocupação em divulgá-las no sentido de dar maior visibilidade ao trabalho executado. Neste sentido, não se localizou nas peças comunicacionais analisadas a democratização de informações que apresentassem o que é a PAS na perspectiva do direito de cidadania.