Compreender os fatores que impactam negativamente a segurança alimentar, torna-se importante para o desenvolvimento de um país. A escassez hídrica é um desses fatores, sendo que as suas consequências para a segurança alimentar global têm sido mundialmente discutidas. Com isso, os países têm adotado os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) nas suas estratégias de desenvolvimento, em que o objetivo 2 retrata a questão da garantia de segurança alimentar para todos. Deste modo, faz-se necessário compreender quais os efeitos da escassez hídrica sobre a segurança alimentar e a produção agrícola. Neste sentido procurou-se, com este trabalho, analisar a segurança alimentar e, a produção agrícola de famílias, considerando o contexto da escassez hídrica na ilha de Santiago em Cabo Verde. Para tanto, foi realizada pesquisa a campo para coleta de dados, por meio de aplicação de questionários aos chefes de família. Além disso, foram utilizados dados secundários para caracterizar os principais setores econômicos e o sistema de produção agrícola em Cabo Verde. Os resultados demonstraram que o terceiro setor é o que mais tem participação no PIB. Em relação aos dados primários, destacam-se que mais da metade das famílias entrevistadas têm uma mulher como chefe. Notou-se também, baixo nível de escolaridade dos chefes de família, baixa adesão ao sistema de crédito/financiamento e pouca participação das
famílias nas associações. No que se refere a produção na propriedade, verificou-se a redução na produção de alguns produtos por falta de água. Cabe ressaltar que têm dificuldades na produção agrícola e na criação de animais. Com isso, houve o aumento no preço dos produtos, sendo que muitas famílias relataram diminuir a frequência de consumo semanal de alguns produtos. Apesar da situação de escassez hídrica, a maioria dos chefes de família destacaram que não se encontram em risco de insegurança alimentar. Isso acontece, pois, os chefes de família possuem renda complementar, o que facilita a compra dos alimentos. Os resultados demonstraram que as políticas públicas adotadas ajudam de alguma forma no combate à seca, porém, nem todos estão sendo contemplados com as políticas e investimentos. Diante disso, salienta-se a necessidade de criar políticas públicas que sejam mais participativas e inclusivas no processo de desenvolvimento rural, fixação no campo e na garantia de segurança alimentar das famílias.