Componentes do sistema renina angiotensina (SRA) estão presentes em várias regiões do cérebro envolvidas na regulação central da pressão arterial (PA). Entre eles, cita-se o órgão subfornical (SFO), órgão circunventricular (OCV) que se encontra fora da barreira hematoencefálica (BHE) e que participa da regulação da PA. Estudos mostram, que em modelos de hipertensão secundária, como o modelo 2R1C, há uma elevação da ANG II em regiões importantes de controle da PA, como o SFO. Assim, nosso objetivo foi avaliar se a inibição farmacológica do receptor Tipo 1 (AT1) e do receptor Tipo 2 (AT2), no SFO, de ratos dois rins e um clipe (2R1C), influencia na função barorreflexa. Para tanto, ratos Wistar machos foram submetidos à cirurgia para indução da Hipertensão Renovascular (HR), que consisti na clipagem da artéria renal (Grupo 2R1C) ou simulação da colocação do clipe (Grupo Sham). Uma semana após a cirurgia de HR e recuperação dos animais, foi realizada a pletismografia de cauda durante 5 semanas para avaliar o desenvolvimento da hipertensão. Ao fim das 5 semanas, ratos 2R1C e Sham, foram anestesiados com isoflurano em O2 a 100% e submetidos a canulação da artéria fermoral, para registro da Pressão Arterial Média (PAM) e Frequência Cardíaca (FC), canulação da veia femoral para administração de anestésico e fármacos e craniectomia para nanoinjeção de Losartan (217 mM, 100nL; antagonista do receptor AT1,) ANG II (48 pM, 100nL; Agonista do receptor AT1), PD123319 (40mM, 100nL; antagonista do receptor AT2) e C21 (0,1μM, 100nL; Agonista do receptor AT2) com o objetivo de avaliar a influência de receptores AT1 e AT2 no SFO na função barorreflexa. Os resultados demonstraram que o modelo foi capaz de desenvolver a HR ao longo de 5 semanas, o que não foi observado no grupo Sham (Animais 2R1C: 1ª semana 152,13 ± 1,31 milímetros de mercúrio (mmHg) e 5ª semana 208,52 ± 2,77 mmHg; Animais Sham: 1ª semana 113,92 ± 1,13 mmHg e 5ª semana 114,90 ± 0.96 mmHg, p<0,05). Além disso, animais com HR apresentaram atrofia do rim clipado quando comparado ao rim não clipado (rim direito: 0,34 ± 0,01 g/100g pc e rim esquerdo: 0,52 ± 0,01 g/100g pc, p<0,05). O bloqueio dos receptores AT1 no SFO não promoveu alterações pressóricas nos animais normotensos (Δ: 0,31 ± 2,16 mmHg em relação ao basal) no entanto em animais hipertensos houve uma redução da PA (Δ: -11,02 ± 0,22 mmHg, p<0,05 em relação ao basal). No teste de sensibilidade barorreflexa o bloqueio dos receptores AT1 promoveu aumento da bradicardia reflexa do grupo 2R1C losartan (Δ -10,98 ± 0,77 bpm, p<0,05) quando comparado ao grupo Sham losartan (Δ -7,60 ± 0,38 bpm) e 2R1C Salina (Δ -8,00 ± 0,26 bpm). O bloqueio do receptor AT2 não promoveu alterações na PAM e melhorou a bradicardia reflexa no grupo 2R1C PD (Δ -20,12 ± 1,53 bpm, p<0,05) quando comparado ao grupo Sham PD (Δ -11,90 ± 1,20 bpm) e 2R1C Salina (Δ -14,37 ± 1,00 bpm). Assim, o presente estudo fornece evidências que os receptores angiotensinérgicos AT1 e AT2 no SFO medeiam às respostas barorreflexas no modelo 2R1C por meio de influência inibitória na bradicardia reflexa. Não houve indícios da participação do receptor AT1 e AT2 dentro do SFO na taquicardia reflexa.