Os Anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são fármacos amplamente utilizados
por suas propriedades anti-inflamatória, antipirética e analgésica. No entanto, sua
administração na forma convencional apresenta alguns problemas como baixa
biodistribuição e distribuição inespecífica no corpo, além de apresentar efeitos
adversos renais e gastrointestinais. Frente a isso, as nanopartículas poliméricas
(NPPs) se mostram como uma alternativa promissora capaz de superar essas
limitações, uma vez que a nanoestruturação do princípio ativo pode protegê-lo da
rápida degradação e depuração, além de aumentar a concentração do fármaco na
biofase. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi produzir e caracterizar nanopartículas
à base de polissacarídeo de goma do cajueiro (PEJU) e polipropilenoglicol (PPG) para
a encapsulação de diclofenaco de sódio. As nanopartículas foram produzidas
utilizando-se planejamento composto central (CCRD) 23 e os materiais obtidos foram
caracterizados quanto ao seu diâmetro hidrodinâmico, índice de polidispersão (PDI) e
potencial Zeta. As partículas apresentaram tamanho médio variando entre 544 nm e
10080 nm. De modo geral, todas as NPPs apresentaram excelente capacidade de
encapsulação de diclofenaco de sódio, sendo observados valores de encapsulamento
variando de 77,6% a 96,6%. A otimização da produção das nanopartículas foi
realizada empregando-se a função matemática de desejabilidade, sendo preditos
como valores ótimos produção de nanopartículas com 10 mg de PEJU, 10 μL de PPG
seguido de homogeneização a 22000 rpm por 15 min. Nessas condições, as partículas
apresentaram diâmetro de 275 nm, PDI de 0,342 e potencial Zeta -5,98 mV, com
eficiência de aprisionamento de 95,6%. As NPPs apresentaram formato globular com
uma superfície uniforme. A análise por espectroscopia na região do infravermelho
evidenciou que a superfície da nanopartícula possui uma predominância de moléculas
de PEJU, e que o fármaco se encontra encapsulado e não adsorvido. A encapsulação
do diclofenaco foi confirmada pelas análises de difração de raio-x que evidenciaram
ausência de picos específicos da droga nas NPPs. Além disso, a análise
termogravimétrica evidenciou que a encapsulação aumentou a estabilidade térmica
do diclofenaco. Os estudos de liberação in vitro demonstraram que o diclofenaco
apresentou um perfil de liberação lenta e gradual, sendo observado uma liberação
máxima de 41% após 50 horas de ensaio. O mecanismo de liberação que melhor
explicou o perfil de liberação do diclofenaco de sódio das NPPs foi o modelo de
Korsmeyer-Peppas, sendo encontrado um coeficiente de difusão “n” de 0,84, o que
caracteriza um mecanismo de liberação do tipo transporte anômalo. Neste tipo de
mecanismo a liberação da droga é determinada tanto pelo intumescimento das
nanopartículas quanto pela difusão da droga pela matriz. Desse modo, os resultados
encontrados evidenciaram que NPPs de PEJU-PPG são promissores para o
desenvolvimento de sistemas de liberação controlada de medicamentos antiinflamatórios.