No âmbito dos estudos em Política Linguística, o presente
trabalho analisa o acolhimento linguístico no contexto de migração de refúgio contemporâneo
no Rio de Janeiro. O Brasil conta com longa história de recepção a imigrantes e de diferentes
políticas públicas imigratórias entre o século XIX e início do século XX, enquanto que
atualmente destacam-se os impactos do deslocamento forçado, uma crise humanitária global
que resulta no aumento local de solicitações de refúgio. A trajetória selecionada compreende
o momento da chegada, as primeiras ações de integração local e o momento da entrevista com
o Comitê Nacional para os Refugiados - CONARE, que delibera sobre a concessão do status
de refugiado no país. Nossa investigação consistiu em uma pesquisa qualitativa descritiva, por
meio de instrumentos normativos, na esfera jurídica, e através da observação de ações
praticadas por instituições do Estado e da Sociedade Civil, com a análise de publicações, da
legislação e de sites oficiais disponíveis a respeito da imigração de refúgio no Brasil e, mais
especificamente, no estado do Rio de Janeiro. O referencial teórico utilizado é de Política
Linguística e de Glotopolítica (CALVET, 2007; SPOLSKY, 2009; LAGARES, 2018),
juntamente com estudos sobre direitos linguísticos (HAMEL, 1995, 2003; OLIVEIRA,
SILVA, 2017; SCHNEIDER-MIZONY, 2018; VARENNES, 2001, 2015) e língua de
acolhimento (ANÇÃ, 2008; BARBOSA, RUANO, 2016; GROSSO, 2010; PEREIRA, 2017).
Com o aumento do fluxo de solicitantes de refúgio no Brasil, verificamos o crescimento de
ações glotopolíticas, todavia, percebemos as iniciativas de políticas linguísticas direcionadas à
população migrante ainda incipientes e com limitada diversidade linguística. A análise do
ambiente virtual das instituições atuantes revela uma tendência ao monolinguismo
demandando ainda diversificação e necessidade de aperfeiçoamento no acolhimento
linguístico.