A erosão dentária é um processo químico-mecânico que leva à perda cumulativa de estrutura dental,
sem o envolvimento de bactérias. O objetivo deste estudo foi avaliar como o desafio erosivo (DE)
interfere nas propriedades mecânicas de diferentes materiais restauradores (Artigo 1), nas restaurações
em dentes decíduos (Artigo 2) e na adesão de bráquetes em dentes com e sem fluorose dentária (Artigo
3). Para o artigo 1 foram confeccionados 1280 corpos de prova, divididos entre os diferentes materiais
restauradores [resina composta -RC (n=320), RC bulk fill (n=320), cimento de ionômero de vidro-CIV
(n=320) e CIV modificado por resina – CIV R(n=320)] e, posteriormente, subdivididos para serem
imersos nas diferentes soluções [saliva (n=80), Coca-Cola® (n=80), suco de laranja (n=80) e iogurte de
morango (n=80)]. O DE foi constituído pela imersão do corpo de prova em 25 mL da solução teste por
5 segundos e em 25 mL de saliva artificial por 5 segundos durante 10 ciclos por dia a temperatura
ambiente, por 28 dias. Foi avaliada a rugosidade, a microdureza, a resistência à flexão, à compressão
axial e à compressão diametral. O artigo 2 foi realizado a partir de 64 caninos decíduos que foram
cortados para obtenção de blocos de esmalte (n=144), divididos em três grupos: com DE antes e após
restaurar (n=48) (grupo 1), com DE após a restauração (n=48) (grupo 2) e sem DE (n=48) (grupo 3).
Os blocos receberam preparos padronizados e foram restaurados com: RC (n=12), RC bulk fill (n=12),
CIV (n=12) e CIV R (n=12). Em seguida, passaram pelo DE, constituído pela imersão dos blocos em
refrigerante por 1 minuto, a 25oC, quatro vezes ao dia, durante cinco dias. A microdureza, rugosidade,
infiltração marginal e adaptação marginal foram avaliadas. No artigo 3 foram utilizados 64 pré-
molares, divididos em dentes com fluorose dentária (FD) (n=32) e sem FD (n=32). Para o grupo com
FD metade dos dentes (n=16) recebeu aplicação do agente promotor de adesão e a outra metade não
(n=16). Metade dos dentes com promotor de adesão (n=8) foram submetidos ao DE e o mesmo foi
feito para o grupo sem promotor de adesão. O DE consistiu na imersão dos dentes em Coca-Cola®,
quatro vezes por dia durante 90 segundos, com intervalo de duas horas a cada ciclo por sete dias, e
posterior manutenção dos dentes em saliva artificial. Foram realizados os testes de resistência ao
cisalhamento, microdureza, avaliação do Índice de Remanescente Adesivo (IRA), padrão de fratura e
análise dos dentes no Microscópio Eletrônico de Varredura. Os dados foram analisados por meio
software SAS Enterprise Guide 7.1 considerando p<0,05, sendo utilizados os testes de Kruskal Wallis
e de Boferroni. Os resultados do artigo 1 mostraram que a Coca-Cola® foi a solução que interferiu
mais negativamente nas propriedades mecânicas seguido pelo suco de laranja e iogurte de morango,
sendo a resina composta o material com maiores médias de microdureza, compressão axial,
compressão diametral resistência à flexão e menores médias de rugosidade. Para o artigo 2, a resina
composta foi o material que teve os maiores valores de microdureza e adaptação marginal e com
menor rugosidade e infiltração, tanto antes como após o desafio erosivo, seguida pela resina composta
bulk fill, CIV R e CIV, respectivamente. Os resultados do artigo 3 evidenciaram que os dentes com
fluorose tiveram os menores valores para o teste de resistência ao cisalhamento e que o DE alterou a
resistência ao cisalhamento. Todos os grupos experimentais tiveram adesivo residual após a remoção
dos bráquetes e o tipo de falha que mais ocorreu foi a adesiva. Dessa forma, o DE interferiu
negativamente nas variáveis analisadas nos três artigos, assim sendo, os novos hábitos alimentares têm
influência direta da Odontologia, sendo vital para o cirurgião-dentista o conhecimento destes para o
planejamento de cada caso clínico.