ZAFALON, R.V.A. Determinação de metais pesados em ingredientes e alimentos
comerciais para cães e gatos. [Heavy metals determination in ingredients and
commercial foods for dogs and cats]. 2020. 129 f. Dissertação (Mestrado em Ciências)
– Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2020.
Nos dias atuais há preocupação crescente em relação à contaminação com metais
pesados em alimentos para animais de companhia, devido ao grande potencial tóxico
desses elementos. A presença dos mesmos no ambiente, principalmente no solo,
pode resultar em contaminação das matérias primas utilizadas na formulação de
alimentos para pets. Tem sido demonstrada presença de metais pesados em tecidos
corporais de cães e gatos e, é conhecido que a principal via de contaminação é
através dos alimentos. Diante do exposto, esse estudo foi realizado com o objetivo de
avaliar a presença dos elementos: mercúrio (Hg); chumbo (Pb); arsênio (As); cádmio
(Cd); alumínio (Al); antimônio (Sb); urânio (U); berílio (Be); cromo (Cr); cobalto (Co);
cobre (Cu); bário (Ba); boro (B); ferro (Fe); zinco (Zn); níquel (Ni); estanho (Sn);
vanádio (V) e selênio (Se) em alimentos comerciais para cães e gatos (n=100), bem
como em ingredientes utilizados na fabricação dos mesmos (n=100); comparar os
resultados com o nível máximo tolerado (NMT) de cada elemento, recomendado pela
Food and Drug Administration (FDA,2011) e com o limite legal da FEDIAF (2019) para
os minerais: Cu, Fe e Zn; assim como realizar comparações entre alimentos secos e
úmidos, alimentos para cães e alimentos para gatos, entre categorias de mercado,
entre as fontes de proteína analisadas e, entre as diferentes fontes de carboidratos.
Os elementos foram determinados por espectrometria de emissão ótica por plasma
indutivamente acoplado (ICP-OES). As análises estatísticas foram realizadas através
do software estatístico SAS (P<0,05). Os elementos As, B, Be e Se não foram
detectados em nenhuma amostra de alimento analisada. Observou-se concentrações
acima do NMT dos elementos: Hg, Al, Pb, U e V tanto nos alimentos para cães, quanto
nos alimentos destinados a gatos, de modo que a porcentagem dos alimentos caninos
que excedeu o NMT desses elementos foram: 100% (Hg); 31,9% (Al); 80,55% (Pb);
95,83% (U); 75% (V), e daqueles destinados a gatos foram: 100% (Hg); 10,71% (Al);
32,14% (Pb); 85,71% (U); 28,57% (V). O limite legal do Cu foi excedido em 20,83% e
28,57%; e do Zn em 26,39 e 14,29% dos alimentos para cães e gatos,
respectivamente. Uma pequena parcela dos alimentos para cães (6,94%) excedeu o
NMT de Co, enquanto apenas um alimento para a espécie felina excedeu o NMT de
Cr. Os alimentos secos apresentaram maiores concentrações da maioria dos
elementos analisados (P<0,05), exceto de Sb e Sn que não houve diferença (P>0,05)
e Fe que foi superior nos alimentos úmidos (P<0,05). Dentre as fontes de carboidrato,
o farelo de trigo apresentou concentrações superiores para a maior parte dos
elementos analisados (P<0,05), enquanto que dentre as fontes de proteína, de um
modo geral as farinhas de origem animal, mais especificamente as farinhas de carne;
vísceras de frango e peixe, apresentaram concentrações mais elevadas de metais
pesados, quando comparadas às fontes de origem vegetal. Conclui-se que os
alimentos analisados apresentaram altas concentrações dos seguintes elementos:
Hg, Al, Pb, V, U, Cu e Zn. No geral, os ingredientes de origem animal apresentam
maior potencial de contaminação que aqueles de origem vegetal. São necessários
mais estudos que avaliem os efeitos da ingestão crônica dos elementos supracitados
nas quantidades encontradas neste estudo e, se nestas circunstâncias, os mesmos
implicam em riscos à saúde de cães e gatos.
Palavras-chave: contaminantes, elementos tóxicos, elementos traços, matéria-prima,
minerais.