As pastagens cultivadas são uma das opções para reduzir os impactos negativos da estacionalidade do pasto nativo. Dentre as forrageiras tropicais, as do gênero Panicum, com destaque para o capim-Tanzânia (Panicum Maximum cv. Tanzânia), se destacam por possuir altas taxas de acúmulo de forragem e bom valor nutricional, sendo uma ótima opção quando se trabalha em sistemas irrigados em que se deseja aumentar a capacidade de suporte. Diversos fatores, como idade, espécie, fatores climáticos, manejo e características do solo podem influenciar a qualidade das plantas forrageiras, fazendo se necessário o uso de metodologias para avaliar a qualidade da dieta. As exigências nutricionais podem mudar conforme a fase fisiológica e há necessidade em determinar quais nutrientes são limitantes e em que época é necessário à intervenção com a suplementação alimentar. Objetivou-se, com este estudo, avaliar o balanço nutricional e definir os nutrientes limitantes para ovelhas em diferentes estados fisiológicos, utilizando o pastejo simulado e o software Small Ruminant
Nutrition System (SRNS), e assim propor estratégias de suplementação para aumentar a eficiência de produção em sistemas de produção em pastos irrigados de capim-Tanzânia no semiárido nordestino. Foram utilizadas 90 ovelhas mestiças entre as raças Santa Inês e Somalis Brasileira, com distintos graus de sangue, manejadas em uma área de três hectares de pastagem de capim-Tanzânia irrigada e adubada no período seco. As ovelhas foram acompanhadas durante toda sua fase fisiológica para contemplar as variações de exigências nutricionais ao longo do ano. Para estimativa da qualidade da dieta de ovinos foram coletadas amostras por meio da simulação de pastejo. Para a simulação do consumo e dos balanços de energia e proteína foi utilizado o SRNS. Conforme a simulação estimada pelo SRNS, a exigência de energia e proteína metabolizável no início da gestação é um pouco superior às
exigências de mantença. Na fase final da gestação estas aumentaram 91,55% das necessidades de energia metabolizável e de 90,32% para proteína metabolizável de ovelhas no início da gestação para o final da gestação. A exigência de proteína metabolizável foi mais limitante na fase de lactação, decorrente do aumento da exigência para produção e composição do leite.Houve um aumento da exigência de energia metabolizável de 202,93% e de proteína metabolizável de 370,96% no pico de lactação, quando comparados com animais não gestantes/não lactantes. Observou-se que a qualidade da dieta, apesar da pouca variação, apresentou diferença estatística (P>0,05) entre os meses estudados. No entanto, com o uso da
irrigação as variações na composição bromatológica foram mínimas. Os teores de proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, lignina, digestibilidade in vitro da matéria seca e digestibilidade in vitro da matéria orgânica variaram de 7,53 a 11,30%; 66,49 a 72,52%; 35,56 a 39,78%; 3,90 a 5,79%; 50,61 a 58,17% e 50,05 a 58,65%, respectivamente. Os ovinos são bem seletivos e conseguiram selecionar uma dieta com valor nutricional superior aquele proveniente de amostras de produção de forragem, chegando aospercentuais máximo de 98,38% e 88,00% para proteína bruta. O SRNS mostrou-se sensível para predizer o consumo e os balanços nutricionais quando comparado com outro estudo com condições semelhantes. Os balanços negativos de energia e proteína ocorreram principalmente nas fases de gestação e lactação, fases onde ocorrem as maiores exigências. Nestes períodos são necessárias estratégias de suplementação alimentar como forma de corrigir estes déficits.