O trabalho aborda a expansão da rede federal de educação profissional e tecnológica no Piauí, empreendida pelo Ministério da Educação a partir de 2005, examinando a escolha dos municípios beneficiados com a implantação de campi e dos cursos ofertados. Pergunta-se: qual o status dos municípios beneficiados, isto é, se são cidades-polo como previsto no Plano Plurianual? Qual a área de influência? Os cursos contemplam que eixos tecnológicos e que setores da economia? São os mais importantes, os que oferecem mais possibilidades de transformação da realidade? Em síntese: a oferta formativa se orienta em benefício da consolidação e fortalecimento dos arranjos produtivos locais como preconizado no inciso IV do art. 6º da Lei nº 11.892/2008 (BRASIL, 2008a)? Volta-se para a engenharia institucional da política e os traços constitutivos dos programas dela decorrentes, procurando construir (SERAFIM; DIAS, 2011, p. 322), um conjunto de observações de caráter descritivo e explicativo que evidenciem as escolhas e se estas observaram as diretrizes e intenções estabelecidas pelo formulador. Então, é um exame da discricionariedade dos implementadores para adequar uma política à realidade. Para isso, recorreu à bibliografia relativa às concepções de desenvolvimento no governo Lula (ERBER, 2011; GIMENEZ; CARDOZO JUNIOR, 2012), e à análise de política pública (SERAFIM; DIAS, 2011), e à pesquisa documental. Esta envolveu: Planos Plurianuais 2004-2007 e 2008-2011, Plano de Desenvolvimento da Educação, Planos de Desenvolvimento Institucional do IFPI, entre outros, estatísticas socioeconômicas e educacionais e ao Plano de Ação de Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Parnaíba (PLANAP, 2006). Verificou-se que a expansão, da rede de educação profissional tinha em vista ensino, e melhoria, e distribuição da renda pessoal e das comunidades beneficiadas com a instalação das unidades, encarnando, a um só tempo as convenções de desenvolvimento institucionalista restrita e neo-desenvolvimentista, presentes nos Planos Plurianuais. Os municípios contemplados com a instalação de um campus, à exceção de Angical do Piauí, são centros de gestão de território com distintas áreas de abrangência, distribuídos pelas quatro mesorregiões em conformidade com a diretriz da política. Os cursos ofertados se voltam para o setor de serviço e da indústria, que apresentam os maiores valores adicionados bruto, distribuem-se por 11 eixos tecnológicos, concentrando-se nas áreas de gestão e negócios, e informação e comunicação. Todavia, não contemplam atividades que, pela capacidade de geração de renda e inclusão social, têm potencialidade de transformar a realidade socioeconômica local e regional. As escolhas, portanto, mais se aproximam do que se distanciam do marco normativo, demonstrando a persecução do implementador às diretrizes postas.
Palavras-chave: Educação Profissional e Tecnológica. Desenvolvimento. Planejamento Governamental.