A hepatite B é uma doença silenciosa, que pode não apresentar sintomas, o que contribui para o retardo no diagnóstico, às vezes em fases evolutivas tardias e com complicações. Apesar de ser imunoprevenível e com vacinação universal, no Brasil, mais de 20% dos óbitos por hepatites virais são decorrentes da infecção pelo vírus da hepatite B (HBV). O país registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017. Objetivo: estudar o impacto da estratégia para prevenção de hepatite B no Brasil, pela avaliação da distribuição de casos novos e cobertura vacinal contra hepatite B. Metodologia: Trata-se de um estudo ecológico a partir de dados de fonte secundária e de revisão de literatura narrativa. Foram estudadas as cinco regiões brasileiras no período de 2007 a 2017. As variáveis de estudo foram as seguintes: incidência de hepatite B, faixa etária acometida e mecanismo de infecção dos casos de hepatite B notificados e confirmados, esquema e cobertura vacinal. Os dados foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), do Sistema de Informações Demográficas e Socioeconômicas e do Sistema de Informações da Assistência à Saúde (TABNET-DATASUS). Resultados: as variações
das taxas de incidência de hepatite B de 2007 para 2017 foram as seguintes: Região Sul (de 13,6 casos /100 mil para 10,9/100 mil habitantes), Região Norte (de 8,5 casos/100 mil para 9,4/100 mil habitantes), Região Centro-Oeste (de 9,5 casos/100 mil para 4,8/100 mil habitantes), Região Sudeste (de 5,8 casos/100 mil para 3,3/100 mil habitantes) e Região Nordeste (de 1,9 casos/100 mil a 1,9/100 mil habitantes).
Entre 2013 e 2014, houve um pico de aumento da taxa de incidência de hepatite B em todas as regiões. De 2015 a 2017, houve diminuição das taxas de incidência. O pico de aumento da taxa de incidência de hepatite B em todas as regiões brasileiras no ano 2013, coincidiu com uma queda na cobertura da vacina contra hepatite B. No ano anterior, em 2012, houve a inclusão da vacina pentavalente no esquema vacinal. No período de 2007 a 2017, a faixa etária mais acometida foi de 20 a 64 anos. Quanto ao mecanismo de infecção, observa-se que a maior porcentagem se encontra na categoria “sem informação”, seguida da “transmissão sexual”. Conclusões: a incidência de hepatite B aumentou em decorrência da queda de cobertura vacinal em 2013 e 2014, no entanto, outros fatores podem ter influenciado o aumento do número de casos, tais como: o fluxo imigratório de pessoas provenientes de países de alta endemicidade e a melhora do diagnóstico com a implantação do teste rápido para
HBV nas unidades básicas de saúde, em 2012.