A sexualidade constitui-se um aspecto intrínseco a individualidade de homens e mulheres. Todavia, na contemporaneidade, apesar das lutas coletivas de diversos sujeitos civis e políticos em defesa do livre exercício da sexualidade, percebemos ainda o recrudescimento de ações e medidas conservadoras em todas as esferas da vida cotidiana. No âmbito de execução da medida socioeducativa de internação esses conflitos não estão ausentes. Desse modo, neste trabalho, em específico, buscamos investigar como ocorre o exercício da sexualidade dos jovens autores de ato infracional no Centro de Atendimento Socioeducativo (CASE) no município de Mossoró-RN. Como objetivos específicos visou-se: apreender a percepção dos jovens sobre as orientações sexuais e as identidades de gênero; compreender como os jovens autores de ato infracional vivenciam sua sexualidade no contexto de privação de liberdade e investigar se a privação de liberdade influência nas práticas e na orientação sexual dos jovens autores de ato infracional. Partindo dos nossos objetivos, realizamos um levantamento bibliográfica, relativo à temática abordada, referente às categorias juventude, sexualidade e socioeducação, tendo como principais aportes teóricos: Abramo (2005), Barroco (2011; 2015), Bezerra (2015), Butler (2015) Cisne e Santos (2017), Diógenes (1998; 2012), Faleiros (2005; 2011), Foucault (2013; 2014), Garland (1999; 2012), Heilborn (1999), Rizzini (2007; 2011a; 2011b), Sá (2011), Machado (2004), Welzer-Lang (2004), Prado (2012), Veyne (1987), Weeks (2000), Louro (2000), Santos (2008), Heller (2016), Loyola (1999), Trassi e Malvasi (2010), dentre outros. Para a materialização dessa pesquisa fizemos, primeiramente, uma observação sistemática do campo de pesquisa durante seis meses e, em seguida, realizamos um total de oito oficinas a partir de temáticas: “sexualidade e privação de liberdade” e “orientações sexuais e representações de gênero”. Dentre os participantes das oficinas realizamos dez entrevistas com os jovens que mais se destacaram e se disponibilizaram a participar. Desse modo, evidenciamos que o exercício da sexualidade, via de regra, não é garantido pelo centro socioeducativo. Os jovens privados de liberdade, quase sempre, precisam elaborar estratégias para vivenciar sua sexualidade. Seja por meio da relação sexual com outros internos, seja através da masturbação. Todavia, contraditoriamente, os sujeitos LGBT são submetidos a um poder apassivante tanto institucional como dos demais internos. Ademais, nesse contexto, os internos buscam performar no cotidiano institucional um modelo de masculinidade específico. Consequentemente, esse modo de ser homem forjado nas sociabilidades delitivas requer das mulheres papéis sociais também demarcados por esse regime de gênero.