Ao se realizar experimentos com abelhas em laboratórios, as características de interesse são analisadas em grupos de abelhas confinadas em gaiolas, por se tratar de insetos que vivem em sociedade e, para evitar alterações fisiológicas e comportamentais, devem ser mantidos sempre em grupo. Normalmente, se avalia a mortalidade em intervalos de tempo pré-determinados. Assim, os dados obtidos são censurados, ou seja, não se conhece o tempo exato de ocorrência da característica de interesse. Então, se faz necessária a utilização de técnicas estatísticas de análise de sobrevivência, que consiste em um conjunto de métodos para a avaliação de dados em que a variável resposta é o tempo, até a ocorrência de algum evento de interesse. Além disso, a mortalidade de uma abelha ocorrida dentro da gaiola pode afetar os outros indivíduos. Assim, teríamos observações correlacionadas. Os modelos paramétricos em análise de sobrevivência são úteis quando a distribuição até o evento é supostamente conhecida, e os modelos mais conhecidos são o exponencial, Weibull, log-normal. Já o modelo semiparamétrico de Cox é robusto e flexível em diversos contextos, como estratificação, variáveis dependentes do tempo, eventos múltiplos. Na primeira parte deste trabalho, realizou-se a análise de experimento considerando dados de abelhas Trigona spinipes submetidas a duas vias de intoxicação do repelente natural Neem: por contato (pulverização) ou oral (ingestão). Os dados foram coletados a cada 12 horas, sendo a variável resposta o tempo até a ocorrência da morte da abelha e o método de aplicação do repelente considerado como covariável. Foi realizada a analise não paramétrica, o ajuste pelo modelo paramétrico de Weibull e a técnica semiparamétrica por modelos proporcionais de Cox utilizando o pacote icenReg no R. Pode-se dizer que a ingestão do repelente causa menor dano às abelhas-irapuá do que a pulverização do mesmo, principalmente nas primeiras 288 horas, com o melhor ajuste sendo o semiparamétrico. Concluiu-se que a via de intoxicação das abelhas, ou seja, a forma de aplicação do repelente é o fator de maior significância, sendo a pulverização a via de intoxicação que causa mortalidade. Assim, recomenda-se que o horário de aplicação do produto seja diferente do horário de forrageamento da Trigona spinipes. Na segunda parte deste trabalho, estudou-se algumas variações do modelo de Cox para eventos recorrentes em dados de bioensaio de toxicidade oral, ao longo do tempo, com abelhas africanizadas. Em estudos de sobrevivência em abelhas africanizadas raramente são considera- das as proporções de mortalidade, dentro das unidades experimentais, nos ajustes dos modelos. Isso é importante, em razão das características de comportamento higiênico destas. A morte de cada abelha constituiu o evento de interesse e o seu intervalo de tempo foi registrado. Foram considerados os modelos clássicos de Cox e suas adaptações para eventos recorrentes denominadas AG, LWA, GT-UR, PWP-CP, PWP-GT e TT-R. Para selecionar o modelo que melhor se ajuste aos dados, foram utilizados os testes de Wald, da razão de verossimilhança, Logrank e o critério de informação de AIC. Para avaliar a suposição básica de riscos proporcionais para o uso do modelo de regressão de Cox, foram utilizadas técnicas de análise gráfica do risco acumulado, dos Resíduos de Schoenfeld, dos Resíduos de Martingale e Resíduo Deviance. Os modelos estratificados que consideram a dependência da proporção de mortalidade em abelhas africanizadas dentro da gaiola mostraram-se superiores aos não estratificados, sendo o modelo PWP-CP, com intervalo do tipo Counting Process, o que apresentou melhor ajuste.