Esta tese apresenta os resultados do estudo “Expansão do universo alimentar de pré-escolares: um estudo de intervenção”, realizado de junho a dezembro de 2018, e que teve como objetivo avaliar o efeito de intervenção visando a promoção do consumo de frutas e hortaliças em pré-escolares. Trata-se de um ensaio comunitário não randomizado desenvolvido em duas unidades municipais de educação infantil do Rio de Janeiro, selecionadas por conveniência, com crianças de 4 a 6 anos de idade. As etapas foram estudo de base, com a aplicação do questionário e aferição de peso e estatura das crianças, intervenção constituída por cinco sessões de oficinas sensoriais baseadas no Método Sapere; e a coleta de dados pós-intervenção. O questionário estruturado incluiu informações sobre características sociodemográficas, hábitos alimentares da criança e da família, estilo parental de alimentação e consumo alimentar da criança. O estilo parental de alimentação foi avaliado pelo Parental Feeding Style Questionnaire, traduzido e adaptado. O consumo alimentar foi avaliado utilizando Questionário de Frequência Alimentar Qualitativo específico. A condição de peso foi classificada segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde. Foi calculado o tamanho do efeito da intervenção. Mudanças no consumo de grupos de alimentos entre o estudo de base e o de intervenção foram avaliadas pelo teste de McNemar e utilizando o Método de Momentos Generalizado (GMM), tendo como variável independente o termo de interação tempo X escola, permitindo estimar as mudanças nos desfechos no tempo e comparar as escolas controle e intervenção. O modelo foi selecionado com base no AIC. Considerou-se p-valor< 0,05 para significância estatística. O estudo incluiu 270 pré-escolares de 4 a 6 anos de idade, sendo 91 na escola controle e 179 na escola intervenção. Os estilos parentais de alimentação mais frequentes entre os pais das crianças estudadas foi o “encorajamento para comer” e o “controle sobre a alimentação”. Não foi observada associação entre estilo parental de alimentação e o consumo de alimentos dos pré-escolares, exceto para as bebidas com adição de açúcar, cujo consumo era menos frequente (2,3 vezes ao dia) entre as crianças cujos pais exerciam “controle sobre a alimentação” do que entre os que adotavam o estilo “encorajamento para comer” (2,9 vezes ao dia; p-valor<0,01). Houve redução na proporção de crianças que rejeitavam o feijão (12% vs. 5%; p=0,021 – teste de McNemar) na escola intervenção e essas diferenças foram distintas do observado na escola controle (p=0,06; GMM). Resultados não estatisticamente significativos, porém considerados relevantes dadas as condições de realização do estudo, incluem, no grupo intervenção, o aumento na proporção de pais que relataram que a criança, se encorajada, às vezes prova os novos alimentos, passando de 35% no estudo de base, para 47% no pós-intervenção. O estudo apresenta limitações, como a elevada proporção de perdas de seguimento. O reconhecimento do estilo parental de alimentação pode ser útil para o desenvolvimento de ações de promoção da alimentação saudável envolvendo pais de pré-escolares. O consumo de hortaliças e frutas entre as crianças estudadas já era elevado e o que resultou em pouca margem para o incremento do consumo desses alimentos. As experiências sensoriais foram bem recebidas pelas crianças como estratégia para educação alimentar e devem ser testadas em experimentos com duração mais longa e envolvendo amostra mais ampliada.