O estudo explora os usos recreativos, esportivos, de lazer e cultura que ocorrem no Eixão, nome popular da via central do Eixo Residencial-Rodoviário de Brasília. Trata-se do eixo Norte-Sul do Plano Piloto que agrega as escalas urbanísticas, inscritas como patrimônio histórico. A rodovia estrutura o desenho urbano, tem função de arcabouço viário – articulando-o de uma ponta a outra. Projetada para trânsito contínuo, desprovida de semáforos, possui 13,8Km de extensão e percurso dissociado do pedestre. A partir de 1991, o Eixão seria oficializado como lugar de recreação, com atividades semanais; assim, a imagem do lugar seria ressignificada, uma vez que inúmeras imprudências de trânsito o teriam associado à Morte, sobretudo na década de 80.
A apropriação da rua ocorre, no entanto, desde a inauguração de Brasília em 1960 e o “Eixão do Lazer” como momento recreativo teria primeira edição ainda em 1971. Nos primeiros anos, o Eixão era tomado de corridas automobilísticas, desfiles de samba, shows, sendo algumas de natureza peculiar, como os cortejos fúnebres – de JK, Tancredo e Niemeyer, procissões para acompanhar o Papa João Paulo II, a Rainha Elizabeth II ou mesmo protestos. O uso como lazer, antes concentrado na parte Sul da cidade, foi tornando-se frequente e culminou na legislação distrital que regulamentou esse uso em toda extensão da via. Duas normativas são consideradas fundamentais no trabalho, a primeira é o Decreto Nº 13.250 de 1991, que institui o espaço público, e a segunda é a Lei Nº 5.630 de 2016, que o torna modelo para as demais cidades do DF. A pesquisa traz a catalogação de reportagens e documentos que possibilitam acompanhar o nascimento do Eixão como espaço público, entender o contexto histórico e inseri-lo globalmente, relacionando-o a outras ruas de lazer. O mapeamento contempla os anos de 1960 até 2017 e detalha as atividades de lazer que são, em primeira instância, expressão de cultura.