O vidro pode ser infinitamente reciclado, sem que haja perda de massa ou de suas propriedades. Sabe-se da importância da reciclagem de resíduos sólidos para o meio ambiente, porém o uso de técnicas artesanais para reciclagem de vidro ainda está em ascensão. O presente trabalho teve por objetivo investigar a possibilidade da reciclagem de resíduos vítreos no desenvolvimento de elementos vazados aplicados a projetos arquitetônicos. Também foi enfatizada a possibilidade de substituição da sílica fina pura (99,00% de SiO2) dos moldes pela areia de rio (77,62% de SiO2) e de mar (83,26% de SiO2), visando propor alternativas tecnológicas e ambientais para a concepção de moldes para o reaproveitamento desses resíduos. Os materiais foram beneficiados e foi possível identificar a composição dos vidros como sílica-soda-cal. Nos estudos das composições e caracterizações dos materiais foram geradas três composições de moldes (MR, MM e MS), onde o componente refratário foi o principal diferenciador. Após ensaios e análises, optou-se pelo uso da areia de rio pela facilidade de obtenção, desmolde e custo menos elevado. Utilizando-se principalmente das ferramentas de design, foram desenvolvidas novas configurações para os elementos vazados. Em seguida, novas formas e técnicas de prototipagem rápida foram estudadas e executadas. Para obtenção dos elementos vazados a partir do vidro, os moldes finais foram elaborados com a composição de gesso, areia de rio, caulim e água. Em seu interior foi depositada a mistura de vidros VB9A1-4, sendo esta uma mistura de textura heterogênea composta por 90% de vidro branco e 10% de vidro azul com dimensões de grãos entre 2,36 e 4,76mm. Em seguida, estes foram submetidos a diferentes tratamentos térmicos, que variaram as temperaturas máximas atingidas 840, 880 e 920oC e o patamar de tempo deixado nas temperaturas de 30,
60 e 90 minutos, resultando na fusão e recozimento. As caracterizações físico- mecânicas dos elementos vazados apontaram que em temperaturas e tempos mais elevadas obtém-se um material mais resistente à compressão, fato atribuído à melhor sinterização ocorrida, com aparência da superfície mais fosca, homogênea, opaca e lisa, onde os picos cristalinos se mostraram mais intensos comparados aos dos submetidos a tratamentos térmicos de menor tempo e temperatura. Sendo TT3-B (temperatura de fusão de 920oC por 90 minutos) o mais adequado para este trabalho.