Incêndios naturais são raros nas florestas úmidas e são causados, em sua grande
maioria, por práticas humanas, como na limpeza de áreas florestais para agricultura
e pecuária. No entanto, alguns fatores podem aumentar sua chance de ocorrência
favorecendo a sua propagação. Estudos das séries temporais de focos de calor podem
ser usados para providenciar informações adicionais sobre a dinâmica temporal dos
incêndios florestais e os fatores que os influenciam. Neste trabalho foi estudado o
comportamento das séries de focos de calor e elementos climáticos (temperatura
média, temperatura mínima, temperatura máxima, umidade e precipitação) registrados
diariamente, durante o período de 1999 a 2017, na Amazônia Brasileira. Para analisar
as correlações de longo alcance foi utilizado o método Detrendend Fluctuation Analisys
(DFA) nas séries diárias de anomalias de focos de calor (com o expoente de escala de
0,859) e nas séries de anomalias de umidade relativa, temperatura mínima, temperatura
média, temperatura máxima e precipitação (com expoentes 0,893; 0,868; 0,836; 0,802
e 0,671, respectivamente), pelo qual todas as séries apresentaram correlações de
longo alcance persistentes. Também se observam correlações cruzadas de longo
alcance persistentes entre as séries climáticas e as queimadas, através da análise pelo
método Detrended Cross Correlation Analysis (DCCA). Os valores do coeficiente DCCA
indicaram correlações positivas entre queimadas e temperaturas, e negativas entre
queimadas e umidade; e queimadas e precipitação. As correlações intrínsecas entre
as variáveis foram obtidas utilizando o método Detrended Partial Cross Correlation
Analysis (DPCCA) indicando que entre as variáveis climáticas analisadas a umidade
é a que mais influencia a dinâmica de queimadas. Para complementar, foram feitas
as comparações da variação temporal dos expoentes de escala para a série temporal
diária das anomalias de focos de calor, com aplicação do DFA em intervalos de um
ano, onde verifica-se que as secas mais severas coincidem com os picos do expoente
de escalonamento do DFA, sugerindo o aumento da persistência da série temporal de
focos de calor durante os períodos mais secos.