BARBOSA, Humberto Calfa Reis. Alterações hidrotermais em rochas carbonáticas:
Mudanças mineralógicas e texturais dos travertinos de São José de Itaboraí / RJ:. 2019. 226
f. Dissertação de Mestrado em Geologia – Faculdade de Geologia, Universidade do Estado do
Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
O sistema de travertinos paleocênicos da Bacia de Itaboraí/RJ foi atribuído a um sistema
hidrotermal com evidências de silicificação, cuja gênese estaria relacionada à presença de
fontes termais em sua porção sul na vizinhança da falha mestra de borda (Falha de São José),
substituindo tais litotipos calcários parcialmente ou até totalmente, por calcedônia e quartzo
microcristalino, na forma de crostas e dendritos com frequentes impregnações de ferro e
manganês. Ou ainda, relacionado à atividade magmática junto à base de um derrame ultrabásico
na porção norte da bacia gerando nódulos de sílica e vestígios de brechas com matriz
silicificada, no contato com travertinos bandados e/ou fitados. Esta dissertação visa determinar
a influência das alterações pós-deposicionais sobre a composição mineralógica e/ou textural,
em relação à distância da falha mestra de borda, através de caracterização mineralógica (estudos
e técnicas petrográficas, MEV/EDS, DRX) e geoquímica (isótopos de Carbono e Oxigênio)
comparativa das rochas ortoquímicas silificadas e não-silificadas; propondo uma classificação
descritiva para tais rochas, de modo a auxiliar no reconhecimento dos elementos do sistema
hidrotermal, seus controles primários, bem como sua distribuição espacial. Foram identificadas
diversos tipos de crostas cristalinas, que ocorrem intercaladas a fácies diagenéticas, demais
rochas clásticas/detríticas calcíferas e brechas hidrotermais, a saber: crostas cristalinas
bandadas/fitadas (Ccb), maciças (Ccm), venulares (Ccv), silicificadas (Ccs) e ainda,
veios/vênulas de calcita (Vc). As crostas cristalinas apresentam características mineralógicas e
texturais indicativas de processos de precipitação dominantemente abióticos, tais como
agregados densos de cristais primários de calcita, apresentando morfologias e arranjos
cristalinos radiais com textura arborescente (shrubs) ou arranjos complexos. Os resultados
geoquímicos indicam uma mistura de processos no fracionamento dos isótopos, sendo
identificados dois padrões distintos. Comparativamente, as crostas venulares (Ccv) apresentam
os valores mais negativos de δ18O e os valores menos negativos de δ13C, refletindo a resposta
isotópica associada ao fluido hidrotermal. Em contraste, as crostas silicificadas (Ccs)
apresentam os valores menos negativos de δ18O e os valores mais negativos de δ13C, refletindo
a resposta isotópica associada à atuação de fluidos meteóricos. Nas crostas cristalinas (Ccv)
venulares que representam os condutos hipógeos junto a falha de borda, ocorre a coprecipitação
de sílica primária de origem hidrotermal na forma um mosaico mesocristalino, constituindo
uma das fases mineral dos fluidos ascendentes que originaram os travertinos. Já nas crostas
cristalinas (Ccs) silicificadas encontradas relativamente distantes da falha de borda, a
silicificação, de caráter polifásico, tem origem associada a diagênese meteórica, promovendo
tanto a dissolução/substituição seletivamente pervasiva dos cristais de calcita quanto o
preenchimento do espaço poroso como um cimento, preservando desta forma, as características
estruturais e microtexturais das crostas originais.