Agroquímicos são os produtos químicos sintéticos mais utilizados no mundo. Têm a função de minimizar pragas que interferem na produção da maioria das culturas agrícolas. Desde 2009, o Brasil é o país que mais utiliza agroquímicos no mundo. Resíduos desses produtos contaminam alimentos, solo e água, levando à exposição ambiental de toda a população mundial. Em condições reais, essa exposição ocorre a misturas complexas de agroquímicos, que podem estabelecer efeitos sinérgicos ou aditivos entre si, potencializando ou somando os danos à saúde. Uma importante via de ação desses químicos se dá por danos oxidativos aos componentes celulares, gerados pelo excesso de radicais livres em decorrência de desequilíbrio entre a produção dessas moléculas reativas e o sistema natural antioxidante. Dessa forma, o consumo de polivitamínicos pode ser utilizado como forma de aumentar a defesa antioxidante do organismo, mitigando os efeitos adversos desses agentes tóxicos. De fato, alguns estudos têm se dedicado a investigar injúrias causadas por misturas químicas em modelos experimentais, bem como o efeito protetivo de agentes antioxidantes, porém a grande maioria utiliza indivíduos adultos. Nesse contexto, a importância de estudos de toxicidade juvenil/prépuberal tem sido destacada na literatura recente por se tratar de um período de grande sensibilidade durante o desenvolvimento pós-natal. Tendo em vista a escassez de estudos e a relevância do tema, o presente estudo visa investigar se a exposição pré-puberal a doses baixas de Carbendazim, Acefato e Mancozebe, por estarem presente em maior quantidade na dieta dos brasileiros, isolados ou em mistura, causa repercussões imediatas sobre parâmetros reprodutivos e endócrinos de ratos machos juvenis da linhagem Wistar. Além disso, avalia o potencial efeito protetor da coadministração de polivitamínicos e minerais nos animais expostos à mistura dos três químicos. Para tanto, ratos foram expostos aos agroquímicos isolados ou em mistura (binárias ou tripla), com ou sem suplementação, via oral por gavagem, do dia pós-natal 23 ao 53, quando foram eutanasiados e avaliados quanto aos parâmetros histomorfométricos dos testículos e epidídimos. Os níveis séricos de hormônios esteroides foram avaliados. Em suma, os resultados indicam provável ação desreguladora endócrina dos agroquímicos. Interessantemente, os agroquímicos isolados parecem exercer efeitos adversos mais acentuados do que quando administrados em mistura. Porém, o grupo tratado com suplemento multivitamínico não apresentou efeito protetivo significativo como forma de proteção contra efeitos toxicológicos.