O óleo de palma (OP) e suas frações, estearina (ES) e oleína (OL), podem apresentar, em geral, algumas características físico-químicas que limitam suas aplicações industriais: devido à lenta cristalização do OP, os produtos dele derivados podem demonstrar endurecimento no pós-processo; a ES, por sua vez, possui elevada consistência e baixa plasticidade; e a OL tende a formar cristais quando submetida a baixas temperaturas. Diante deste contexto, estudos demonstraram que o R-(+)-limoneno, um monoterpeno presente no óleo da casca de laranja, influencia o perfil de cristalização de sistemas lipídicos, tais como manteiga de cacau e hardfat de óleo de soja, reduzindo o conteúdo de sólidos (SFC) e acelerando a transição polimórfica. O presente estudo visou investigar o efeito do R-(+)-limoneno como modificador lipídico nas matrizes OP, ES e OL, quando adicionado em diferentes concentrações (1-10%). Por meio da ressonância magnética nuclear (RMN), obteve-se que a incorporação do terpeno ocasionou redução nos SFCs de OP, ES e OL, e esta redução foi proporcional ao aumento da concentração de limoneno. O estudo da cristalização isotérmica por RMN mostrou que o limoneno provocou atraso nos tempos de indução para os blends de OP e ES, com ênfase nas maiores concentrações de limoneno aplicadas. Os comportamentos de cristalização e fusão obtidos por calorimetria diferencial de varredura (DSC) mostraram que o efeito anticristalizante do limoneno resultou em deslocamento dos picos para menores temperaturas iniciais de cristalização e fusão, e tal deslocamento foi mais evidente quando 10% em concentração em OP, ES e OL. A microestrutura visualizada por microscopia de luz polarizada (MLP) revelou que o limoneno dificultou a formação de cristais em OP e ES, e, nas maiores concentrações, cristais granulares foram formados, com tendência à aglomeração. O aumento na densidade cristalina no decorrer de 60 dias nos blends de OP e ES indicou que, mesmo na presença de limoneno, ocorreu a pós-cristalização. A análise polimórfica por difração de raios-X realizada nas amostras de OP, ES e seus blends mostrou que o limoneno acelerou a transição para a forma mais estável β, bem evidenciada nos blends de ES, principalmente nas maiores concentrações. Os blends de OL apresentaram menor quantidade de cristais formados no estudo da estabilidade de cristalização, principalmente com 10%. Os resultados demonstraram que o comportamento anticristalizante do limoneno pode ser estendido para diversas matrizes lipídicas, como uma alternativa tecnológica de um aditivo de origem natural. Apesar de acentuar a lenta cristalização do OP, pode favorecer um endurecimento menos intenso no pós-processo; interessantemente, resultou em opções de ESs mais macias; e aumentou parcialmente a estabilidade da OL.