Asteraceae está entre as maiores famílias de angiospermas, com 24.000 a 30.000 espécies
circunscritas em 43 tribos, representando um percentual superior a 9% da flora mundial. Para
o Brasil são registrados 290 gêneros e 2.099 espécies, das quais 1.328 tem distribuição
restrita ao país. O gênero Calea, pertencente à tribo Neurolaeneae, possui cerca de 125
espécies de distribuição neotropical e está representado no Brasil por 83 espécies.
Considerando que o número de espécies registradas no Brasil aparenta ser o maior dentre
todos os países de sua ocorrência, os estudos taxonômicos com o gênero são incipientes para
conhecer a diversidade de Calea ocorrente na região sudeste, particularmente no estado de
Minas Gerais que apresenta o maior número de espécies. Portanto, o objetivo deste trabalho
é o de realizar um estudo taxonômico das espécies de Calea ocorrentes em Minas Gerais. O
material botânico analisado foi obtido principalmente por meio de visitas e solicitação de
empréstimo a 24 herbários que continham registros de espécimes coletadas em Minas Gerais,
bem como por meio de excursões botânicas próprias. As espécies foram identificadas
mediante consulta a literatura especializada, comparação com exsicatas ou imagens dos tipos
e, posteriormente, descritas e ilustradas. Esta tese está apresentada na forma de três capítulos,
que correspondem a manuscritos de artigos científicos formatados conforme as normas dos
periódicos aos quais serão submetidos. O capítulo I apresenta o tratamento taxonômico para
as 42 espécies e uma variedade, pertencentes às cinco seções de Calea, que ocorrem no
Estado de Minas Gerais. Entre os táxons analisados 15 possuem distribuição restrita ao
estado de Minas Gerais. Novos registros de Calea asclepiifolia e C. lutea foram
estabelecidos para Minas Gerais; C. lantanoides para Rondônia; C. serrata para Mato
Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul; e de C. teucriifolia para Piauí e
Tocantins. Os lectótipos foram designados para C. brevifolia, C. coronopifolia, C.
eupatorioides, C. graminifolia, C. myrtifolia, C. myrtifolia var. paucidentata, C. pilosa, C.
pinnatifida, C. senecioides, C. subrotunda e C. tridactylita. Foi proposta a sinonímia de C.
myrtifolia var. paucidentata sob C. myrtifolia. Além disso, são fornecidas descrições,
comentários morfológicos, de distribuição geográfica e fenologia, chave para identificação
dos táxons, além de ilustrações e mapas de distribuição geográfica. O capítulo II apresenta
a descrição de uma nova espécie da seção Calea, denominada Calea diamantinensis. A nova
xiiespécie é endêmica de campos rupestres do município de Diamantina, o que justifica a
escolha do epíteto específico. São apresentadas: descrição morfológica, comparação com a
espécie próxima, ilustração, fotos, chave de identificação para as espécies do gênero
ocorrentes no município de Diamantina, bem como comentários sobre posição taxonômica,
hábitat, fenologia, distribuição e conservação. O capítulo III descreve uma nova espécie de
Calea para a Floresta Atlântica, em fitofisionomia do tipo arbustal nebular. A nova espécie
foi denominada Calea arachnoidea, em virtude do indumento aracnóide encontrado
principalmente em folhas não expandidas, sobre o pedúnculo dos capítulos e na base das
brácteas involucrais externas, que se constitui uma característica diagnóstica para esta
espécie. C. arachnoidea, pertencente à seção Meyeria (DC.), e até o momento esta espécie
é endêmica da região da Serra Negra, localizada na zona da mata mineira. São apresentadas:
descrição morfológica e ilustração. As relações de afinidade entre C. arachnoidea e as
espécies próximas são discutidas. Adicionalmente, fotos, mapa de distribuição e
considerações sobre habitat e estado de conservação da nova espécie são apresentados, bem
como uma chave de identificação das espécies de Calea sect. Meyeria no estado de Minas
Gerais.