Resumo em português: Introdução: fatores preditivos e protetores do risco de queda, na marcha geriátrica, sofrem influência de alterações neuromusculares, como o histórico de quedas, e fatores psicogênicos, os quais causam na marcha uma ação motora cautelosa, como o medo de cair. Objetivo: avaliar o perfil da marcha de idosas hígidas e a influência do histórico de queda e o medo de cair, enquanto preditores do risco de queda. Métodos: a dissertação divide-se em dois artigos: o primeiro trata de uma investigação transversal, que analisou a confiabilidade do Gait Profile Score (GPS) em mulheres idosas. A amostra, com 49 participantes, (72,34±6,44 anos) foi estratificada segundo o auto relato do histórico de queda, nos últimos doze meses, em idosas não caidoras, caidoras e caidoras recorrentes. A análise tridimensional da marcha utilizou dados cinemáticos da pelve, quadril, joelho e tornozelo para compor o cálculo do GPS e do Gait Variable Score (GVS). O segundo artigo caracterizou-se por um ensaio clínico não randomizado, no qual as idosas foram alocadas em quatro grupos, segundo o histórico e medo de quedas. A intervenção consistiu em aplicar uma perturbação fictícia durante à análise tridimensional da marcha, a fim de isolar os efeitos do histórico e do medo de cair, as variáveis idade, gênero, índice de massa corporal, nível cognitivo e força muscular foram considerados como fatores confundidores. Resultados: o GPS revelou ser um índice de alta confiabilidade para aplicação nos estudos da marcha geriátrica. As comparações do perfil de marcha pelo GPS não demonstraram diferenças significativas entre as idosas do estudo. A intervenção constatou que o medo de cair, após a perturbação, causa pior qualidade de marcha em comparação ao histórico de quedas. Esses fatores associados potencializam o risco de queda. Conclusão: o GPS aplicado às idosas permitiu evidenciar a qualidade de um perfil de marcha, caracterizado por uma análise ampla, uma vez que associa todos os planos de movimento das principais articulações do membro inferior. Ao mesmo tempo que é objetivo, ele agrupa as análises cinemáticas angulares. O histórico de queda de forma isolada não foi capaz, portanto, de identificar diferenças no perfil de marcha em idosas. O medo de cair produziu um padrão de marcha cauteloso, que modificou as medidas espaço-temporais e aumentou o GVS das articulações do quadril e do joelho. Esse padrão cauteloso de deslocamento piorou a qualidade de marcha, contribuindo para o aumento do risco de queda.