Resumo
A resistência de células tumorais à morte celular por perda de adesão (anoikis) é uma das principais características celulares que contribuem para a progressão e metástase tumoral. Como um fenômeno funcional, a resistência ao anoikis é um importante evento dentro da cascata metastática, sendo um pré-requisito para disseminação e colonização em sítios distantes. Entretanto, os mecanismos envolvidos na regulação da resistência ao anoikis ainda não estão completamente elucidados. Várias moléculas estão envolvidas nos processos de sobrevivência, adesão e proliferação celular, entre elas o sindecam-4, um proteoglicano de heparam sulfato (PGHS). Mudanças na expressão do sindecam-4 tem sido comumente encontradas em células tumorais, indicando o seu envolvimento no câncer. Assim, para analisar o papel deste proteoglicano em diferentes eventos como, proliferação, crescimento, controle do ciclo celular, adesão, apoptose, invasão celular e expressão de proteínas da via PI3K/AKT/mTOR realizamos o silenciamento gênico do sindecam-4 em células endoteliais resistentes ao anoikis utilizando a técnica de RNA de interferência (miRNA).
Após o silenciamento gênico, observamos uma diminuição da expressão proteica e gênica do sindecam-4, acompanhada por uma redução do número de cadeias de heparam e condroitim sulfato no extrato celular e no meio de cultura. Os clones silenciados (miR-Syn-4-1-Adh1-EC e miR-Syn-4-2-Adh1-EC) apresentaram maior incorporação de BrdU após estímulo com soro, indicando que estas células se tornaram dependentes dos fatores de crescimento para proliferar, e menor taxa de crescimento. Em relação ao controle do ciclo celular, observamos uma diminuição no número de células na fase S. A capacidade adesiva ao colágeno foi significativamente maior nos clones silenciados, bem como apresentaram maior taxa de apoptose e menor taxa invasiva quando comparadas à célula endotelial parental (Adh1-EC). Os dados obtidos são similares aos encontrados para as células endoteliais selvagens (EC). A expressão de AKT, mTOR e PTEN, também foi investigada. Após silenciamento gênico do sindecam-4, observamos diminuição na expressão dos genes que codificam essas proteínas. Essa diminuição gênica não foi acompanhada pela diminuição da expressão proteica, exceto mTOR que apresentou uma redução, porém não significativa.
Esses resultados nos levam a acreditar que o silenciamento gênico do sindecam-4 reverteu o comportamento tumorigênico das células resistentes ao anoikis. Essas e outras descobertas sugerem que o sindecam-4 é adequado para a intervenção farmacológica, fazendo deste um alvo atraente para a terapia do câncer.
Palavras-chave: 1. Sindecam-4. 2. Anoikis. 3.Célula Endotelial. 4.Heparam Sulfato 5.Silenciamento Gênico