A bioimpedância elétrica (BIA) avalia a qualidade e integridade das células por meio de indicadores de distribuição de fluidos, como a água corporal total (ACT), a água intracelular (AIC), extracelular (AEC) e a proporção de AEC/AIC, e indicadores de saúde celular, como a impedância (Z), reatância (Xc), resistência (R), ângulo de fase (AF), análise de vetor da BIA (BIVA), massa celular corporal (MCC) e AEC/MCC. No contexto esportivo, devido à alta carga de treinamento e o número elevado de competições esportivas, os atletas apresentam mudanças nos indicadores de distribuição de fluidos e de saúde celular. Portanto, o objetivo geral deste estudo foi investigar os indicadores de distribuição de fluidos (ACT, AIC, AEC, AEC/AIC) e de saúde celular (Z, Xc, R, AF, BIVA, MCC, AEC/MCC) avaliados pela BIA em atletas (ambos os sexos), de diferentes modalidades. Os objetivos específicos foram: 1) identificar, por meio de revisão sistemática, o(s) indicador(es) de distribuição de fluidos (ACT, AIC, AEC e AEC/AIC) e de saúde celular (Z, Xc, R, AF, BIVA, MCC e AEC/MCC), avaliados pela técnica da BIA em atletas; 2) comparar, por meio de trabalho de campo, os indicadores de distribuição de fluidos (ACT, AIC, AEC e AEC/AIC) e de saúde celular (Z, Xc, R, AF, MCC e AEC/MCC) avaliados pela BIA em atletas universitários praticantes de esportes de equipe e individuais, de acordo com o sexo, controlando a interferência do tempo de prática esportiva, idade, massa isenta de gordura e osso (MIGO) e gordura corporal e; 3) comparar, por meio de trabalho de campo, a BIVA entre os atletas praticantes de esportes de equipe e individuais e com a população não atleta. Para responder o primeiro objetivo específico, foram realizadas buscas sistemáticas nas bases de dados Lilacs, Medline, Pubmed, Science Direct, Scielo, Scopus, SportDiscus e Web of Science, em dezembro de 2017. Para responder aos demais objetivos específicos foi desenvolvido trabalho de campo em que foram avaliados 167 atletas universitários (18 a 35 anos de idade), de ambos os sexos, praticantes de diferentes esportes. Foi utilizada a BIA octopolar para mensurar os indicadores bioelétricos (ACT, AIC, AEC, Z, Xc, R, AF, BIVA, MCC e AEC/MCC) e para mensurar a MIGO e a gordura corporal foi utilizada a absorciometria por dupla emissão de raios-X (DXA). As variáveis de treinamento e competição foram obtidas por meio de anamnese. Como resultado da revisão sistemática foi encontrado 31 estudos com atletas. Para os estudos longitudinais (n=15), os parâmetros bioelétricos diretamente associados à saúde celular foram a AEC, AF, BIVA, Xc, R e AEC/MCC. Em relação aos achados das análises transversais, os
parâmetros investigados AEC, AF, BIVA, Z, MCC e AEC/MCC foram diretamente associados ao sexo, idade, nível de desempenho esportivo, modalidade e posição de jogo. Na pesquisa de campo, os atletas do sexo masculino que praticavam esportes individuais apresentaram maiores valores de AEC/AIC e AEC/MCC, quando comparado aos atletas que praticavam esportes de equipe. Os valores de Z, Xc e R foram maiores em atletas que praticavam modalidades de equipe do sexo masculino em comparação aos atletas praticantes de esportes individuais. As atletas do sexo feminino que praticavam esportes de equipe apresentaram maiores valores de Z e R quando comparadas as atletas praticantes de esportes individuais. Além disso, a BIVA demonstrou que não houve diferenças entre os atletas praticantes de esportes de equipe e individuais de ambos os sexos e a maioria dos atletas ficou localizado nas elipses de 50% de tolerância, indicando hidratação adequada. Ainda, em comparação com população de referência não atleta, os atletas, de ambos os sexos, mostraram desvio do vetor de impedância para a esquerda no eixo menor (Xc) das elipses de tolerância, indicando maior MCC. Desta forma, sugere-se que a partir dos resultados encontrados o profissional de Educação Física poderá monitorar a saúde e integridade celular dos atletas, por meio dos indicadores bioelétricos que são mensuradas de forma simples e rápida pela BIA.