A restrição proteica durante a fase de prenhez e lactação pode gerar alterações
permanentes no metabolismo do indivíduo levando a maior predisposição a doenças
crônico-degenerativas. Nesse contexto, o recrutamento de adipócitos bege no tecido
adiposo branco pode regular a homeostase energética e por isso tem sido alvo de estudos
que buscam alternativas para tratamento e prevenção dessas comorbidades. Assim,
investigamos se a recuperação nutricional, após o desmame, com dieta de soja modifica
a morfologia e estimula o amarronzamento de adipócitos brancos em animais que foram
desnutridos por restrição proteica nas fases intrauterina e de lactação. Para isso, foram
utilizadas proles de ratos machos de mães alimentadas com dieta a 17 ou 6% de proteína
durante a prenhez e lactação. No pós-desmame os filhotes foram mantidos em dieta a
17% de caseína (grupos CC e LC) ou 17% de soja (grupos CS e LS) até 90 dias de idade.
Foram coletados os tecidos adiposos branco Retroperitoneal (TABr), Perirrenal (TABp),
Omental (TABo), Epididimal (TABe), Subcutâneo (TABs) e marrom interescapular
(TAM). Foram feitas análises morfológicas por meio de coloração H&E para detectar a
presença de adipócitos multiloculares e mensurar tamanho de adipócitos uniloculares.
Nos tecidos que apresentaram adipócitos multiloculares (TABr e TABp) avaliamos
algumas proteínas relacionadas ao amarronzamento (β1-AR, β3-AR, TBX-1, UCP-1) por
meio de imunofluorescência ou immunobloting. Animais recuperados,
independentemente do tipo de dieta, apresentaram menor peso corporal relativo, porém
maior ganho de peso relativo e maior índice de adiposidade, apesar do consumo alimentar
ser semelhante aos animais controles. Além disso, a recuperação nutricional reduziu o
tamanho dos adipócitos brancos uniloculares de todos os depósitos e aumentou o número
desses adipócitos. Os animais LS tiveram mais adipócitos maiores e menos dos menores
nos TABr e TABs em relação ao LC. O TABo do grupo CS apresentou menor frequência relativa dos adipócitos maiores em comparação ao CC. Apenas o TABr (10,53% CS e
53,85% LS) e TABp (42,86% CC, 57,14% LC e 87,71% LS) apresentaram adipócitos
multiloculares, sem diferir dentre os grupos no percentual de área de adipócito
multilocular por área de adipócito unilocular. Não houve diferença significativa para
UCP-1 no TABr e TABp ou TBX-1 no TABr entre os grupos. A expressão de UCP-1 no
TAM de animais recuperados mostrou-se reduzida. Apesar de não encontrarmos alteração
nos níveis dos receptores adrenérgicos beta 3 (β3-AR) nos TABr e TABp, observamos
redução do β1-AR no grupo CS em comparação aos demais grupos. Dessa forma, conclui
se que o estado nutricional pregresso alterou a morfologia do tecido adiposo branco, mas
não seu fenótipo, não havendo mudanças que caracterizassem o amarronzamento dos
adipócitos multiloculares.